Cerca de 40 famílias atingidas pela chuva de domingo (21) que residem a menos de 30 metros da margem do córrego do Gambá, no bairro São Mateus, foram atendidas na tarde desta segunda-feira por uma equipe especial de assistentes sociais da Secretaria de Bem-Estar Social de Cuiabá, para a entrega de 150 cestas básicas, 200 colchões e produtos sanitários para a limpeza das casas. Segundo o coordenador da Defesa Civil, Oscar Amelito, essas pessoas deveriam sair imediatamente da localidade, mas resistem à idéia de serem alojadas inicialmente em um ginásio. “Nossa equipe esteve lá e ninguém quis sair, preferem ficar, mesmo diante da possibilidade de um novo alagamento”.
Ele explica que de um total de 3,5 famílias que vivem hoje em área de risco na Capital, cerca de 500 – em pelo menos 15 bairros – foram afetadas diretamente pela precipitação, algumas ficaram desabrigadas ou perderam tudo, no São Mateus, a situação é preocupante porque toda ocupação é irregular. “No ano de 1974, devido a uma grande enchente, todos eles foram retirados, mas ao longo dos anos acabaram voltando”.
Um dos professores do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que visitou a obra de contensão de erosão com canalização da foz do córrego do Gambá, Rubem Mauro Palma de Moura, disse que a chuva de domingo atingiu o maior volume de água dos últimos 74 anos na Capital. Em cerca de uma hora, registraram-se 127 milímetros (mm), sendo que a média histórica do mês de janeiro inteiro não ultrapassa 220 mm. “A precipitação correspondeu a 60% do total esperado para o período”.
Ele afirmou ainda que o fato atípico está acontecendo no mundo inteiro, devido ao aquecimento solar. Sem muitas opções de escoamento superficial, já que as ruas, avenidas, condomínios e casas foram tomadas pelo asfalto, águas das chuvas das grandes cidades não têm alternativas senão ir para os córregos. O relatório técnico da obra deverá ficar pronto na terça-feira da semana que vem, a pedido do próprio secretário de Infra-Estrutura, Andelson Gil do Amaral, para apurar se algum problema técnico trouxe prejuízo à comunidade do São Mateus, se isso proceder, a empresa contratada para a prestação de serviço será acionada.
Amaral afirmou que em razão das obras de pavimentação e drenagem de águas pluviais da avenida Beira Rio, foi necessária a execução da obra, uma vez que o bueiro celular (sob o asfalto) que atravessa a referida ameaçava a estabilidade da via, devido ao processo erosivo acentuado. “A ficha técnica sucinta da referida obra consta a execução mediante a continuidade do bueiro celular, na mesma dimensão da travessia existente, numa extensão de 50 metros”, acrescenta o secretário no documento.
Agilidade – Minutos depois da chuva, no início da noite de domingo (21), o prefeito Wilson Santos e o secretário de Defesa e Cidadania, Ricardo Siqueira, já estavam percorrendo os bairros atingidos, para catalogar as várias famílias de ribeirinhos prejudicadas. Alguns abrigos foram disponibilizados na Cerâmica São Matheus e no Ginásio da Lixeira. Pelo menos 380 homens da Secretaria Municipal de Infra-Estrutura (Seminfe) começaram a segunda-feira (22) trabalhando na limpeza de bocas-de-lobo nos bairros prejudicados pelo temporal, entre eles estão: Santa Isabel, trechos da Avenida Fernando Corrêa da Costa, Jardim Cuiabá e o próprio São Mateus.
No Santa Isabel, muitos moradores tiveram suas casas invadidas pela água e uma parte do muro da escola Idalina de Farias desmoronou. O prefeito esteve na escola acompanhado do presidente da Associação de Moradores, Tião Goiabeira e do ex-vereador e morador do bairro, Augusto Taques. Todo aparato municipal ficou a disposição.