Os preços dos alimentos no mercado mundial devem continuar altos e instáveis no médio prazo, e uma repetição do ocorrido entre 2007 e 2008, quando atingiram um pico, é uma possibilidade realista, segundo relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, na sigla em inglês) divulgado nesta segunda-feira.
Entre 2006 e 2008, segundo a organização, os preços de alimentos básicos subiram cerca de 60%, enquanto os preços dos grãos chegaram a dobrar. Em meados do ano passado, os preços dos alimentos nos mercados internacionais atingiram seu maior patamar em quase 30 anos, o que provocou revoltas e tumultos em alguns dos países mais pobres.
Embora tenham registrado um retrocesso, os preços continuam altos e não devem cair para os níveis vistos em 2006, diz o documento, publicado por ocasião de um fórum em Roma, que ocorre entre hoje e amanhã (13), com cerca de 300 especialistas em agricultura e desenvolvimento.
“As projeções disponíveis de médio e longo prazos (…) indicam que os preços podem ficar acima dos níveis anteriores a 2006 ao menos no médio prazo”, diz o texto. Itens como trigo, arroz, oleaginosas e açúcar refinado podem ficar acima desse patamar até 2018.
A alta de preços como a que se viu entre 2007 e 2008 é, segundo a FAO, uma “possibilidade realista” e, segundo o especialista e painelista do fórum Homi Kharas, da Brookings Institution, é “quase inevitável”. Segundo ele, os fatores que causaram a disparada de preços –como secas, preços instáveis da energia, o câmbio volátil do dólar e a especulação– podem afetar os preços de novo.
US$ 83 bi
Na semana passada, a FAO informou que os países em desenvolvimento precisam de investimento líquido de US$ 83 bilhões por ano na agricultura para garantir alimentos para 9,1 bilhões de pessoas em 2050.
No documento, a FAO afirma que é necessário aumentar os investimentos em agricultura em cerca de 50%. Entre os setores que requerem investimentos estão o de agricultura e pecuária, além dos serviços de apoio, como os de refrigeração, armazenamento e os mercados.
A projeção dos investimentos anuais necessárias até 2050 inclui US$ 20 bilhões para a produção agrícola e US$ 13 bilhões para a pecuária, segundo o documento da FAO. Além disso, serão necessários outros US$ 50 bilhões anuais para os serviços associados, que permitirão um aumento de 70% na produção alimentícia no mundo em 2050.
A maior parte destes investimentos, tanto em agricultura básica como em serviços associados, “procederá de investidores privados, incluindo os camponeses que compram maquinário agrícola e empresas que investem em instalações”, acrescenta a organização.
F.Online