quinta-feira, 07/11/2024
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Preço alto paralisa novos contratos de fornecimento de energia

A CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) cancelou ontem os contratos de energia interruptível, em que negocia as sobras de que dispõe com os grandes consumidores.

A empresa não comenta a medida, mas diz que o fim do fornecimento está previsto nos contratos, que condicionam a venda à disponibilidade de excedente de energia, o que não existe neste momento.

Com a decisão da CPFL, os grandes consumidores que deixam de ser atendidos pela distribuidora pagarão mais pela energia. “O consumidor pode ter de comprar no mercado livre [a curto prazo], a R$ R$ 569,59 por MWh”, diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura.

Segundo a avaliação de Patricia Arce, diretora-executiva da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), o consumidor livre que precisa fechar novos contratos enfrentará problemas neste ano. “Com esse preço, fica impossível fazer novos contratos. Está tudo paralisado”, afirma.

João Mello, da consultoria Andrade & Canellas, afirma não há mais negociação dos consumidores livres depois da disparada dos preços. “Esse preço não é de mercado. Ultrapassou a faixa razoável.”

A diretora da Abrace estima que 95% dos consumidores livres que estão na associação já tenham contrato para 2008 e que o resto dos consumidores está sem contrato para suprir apenas 5% a 10% da demanda.

Patricia Arce, porém, diz que o preço a curto prazo não atinge somente os grandes consumidores livres, mas também distribuidoras e geradoras de energia hidrelétrica. “Elas podem ter menos energia do que estão vendendo em contrato, que foi o que aconteceu na época do racionamento [em 2001].” Geradoras que vendem mais energia do que têm podem ser punidas.

No mês passado, a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) fez um leilão em que as distribuidoras podiam comprar energia elétrica, mas não apareceu nenhuma geradora interessada em vender energia.

“Na ocasião, não houve nenhum negócio. As distribuidoras vão precisar comprar energia em 2008 e, com esse preço, a negociação fica difícil”, diz a diretora da Abrace.

O consultor João Mello interpreta que as geradoras não concordaram com o preço teto oferecido no leilão e que preferiram esperar para vender energia porque sabiam que o valor negociado seria alto em 2008. “Em alguns casos, algumas distribuidoras podem ter ficado subcontratadas, mas há um mecanismo de negociação de sobras entre elas. Não é nossa perspectiva que as distribuidoras estejam desprotegidas.”

Consumidores industriais ouvidos pela Folha dizem que a distribuidora subiu em mais de 200% a tarifa nos horários de pico, de R$ 350 por MWh (megawatt-hora) para R$ 800 por MWh, das 18h às 20h.

FO

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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