domingo, 22/12/2024
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Potências aumentam pressão sobre Irã; Reino Unido fala em sanções

As seis grandes potências do mundo aumentaram a pressão sobre o Irã ao aprovar no Conselho de Governadores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), em Viena, uma resolução de condenação ao seu programa nuclear– a primeira desde 2006.

A medida é uma clara mensagem ao Irã para que passe a cooperar com a agência nuclear da ONU, caso contrário poderá sofrer retaliações –como a imposição de novas sanções econômicas.

O texto exige que Teerã “suspenda imediatamente” a construção de uma nova fábrica de enriquecimento de urânio na cidade de Qom, cuja existência só foi divulgada em setembro.

A resolução aprovada — que será encaminhada ao Conselho de Segurança da ONU– pede ainda que o Irã dê mais detalhes a respeito dos objetivos da instalação e expressa uma “séria preocupação” de que Teerã continue “desafiando as exigências da comunidade internacional”.
O documento exige ainda a suspensão completa do enriquecimento de urânio pelo Irã.

Após a aprovação do texto, elaborado pela Alemanha e as cinco potências do Conselho de Segurança da ONU –EUA, Reino Unido, França, Rússia e China– o premiê britânico, Gordon Brown, afirmou que o próximo passo, caso o Irã não coopere, será a adoção de sanções.

“O Irã deve aceitar a proposta que foi feita [pela AIEA], para que produza energia nuclear civil com o nosso apoio, renunciando às armas. O próximo passo será a imposição de sanções, caso o Irã não reaja a essa posição bastante clara da comunidade internacional”, disse Brown em Trinidad e Tobago, onde participa de cúpula do Commonwealth.

Para Brown, a aprovação envia o “sinal mais claro possível ao Irã para que abra mão de suas ambições nucleares” e evidencia que “o mundo sabe o que eles [iranianos] estão fazendo”.

EUA

O embaixador dos Estados Unidos, Glyn Davies, disse, em entrevista coletiva após a reunião da AIEA, que a “paciência da comunidade internacional com o Irã “está se esgotando”.

“Não podemos falar só por falar, sem chegar a onde queremos chegar: a um acordo”, manifestou o chefe da delegação americana diante da AIEA.

Recentemente, o presidente americano, Barack Obama, disse que o Irã tem “pouco tempo” para começar a cooperar e aceitar a proposta da AIEA.

Ontem, o diretor-geral da agência, Mohamed ElBaradei, afirmou que a investigação sobre as atividades de Teerã teria chegado a um beco sem saída, do qual não se sairia “se o Irã não cooperar plenamente”.

Proposta

O texto vinha sendo redigido enquanto a AIEA esperava uma resposta iraniana para sua proposta de transferir a maior parte do urânio enriquecido no Irã ao exterior.

Em 21 de outubro passado, em Viena, como parte de uma reunião entre o Irã, França, Rússia e os Estados Unidos, a AIEA apresentou um projeto de acordo que permitiria a Teerã garantir a entrega de combustível nuclear para seu reator de pesquisa.

O acordo visa definir os termos do envio de cerca de 1.200 dos 1.500 quilos de urânio enriquecido a 3,5% que o país possui à Rússia, onde deve ser enriquecido até 19,75% de pureza –o suficiente para gerar energia e incapaz de produzir armas nucleares. Para fabricar uma bomba atômica, são necessários cerca de 2.000 quilos de urânio enriquecido acima de 90%.

O urânio enriquecido seria então transferido à França, onde seria transformado em combustível nuclear e depois devolvido ao Irã para uso em um reator científico em Teerã que produz medicamento para tratamento de câncer. Esse reator funcionava até agora com combustível atômico de fabricação argentina, recebido em 1993 e que está acabando.

O texto estabelece ainda a supervisão da AIEA sobre o processo.

Reação

Após a aprovação, o Irã anunciou que reduzirá a cooperação com a AIEA (Agência Nuclear de Energia Atômica).

O embaixador do Irã na AIEA, Ali Asghar Soltanieh, disse que seu país “eliminará qualquer cooperação voluntária com os inspetores da ONU” que vá além das obrigações legais.

“Vamos tentar nos restringir aos limites do acordo de salvaguarda”, disse o diplomata iraniano, minutos depois que a agência da ONU adotou a resolução contra o Irã, pela primeira vez desde 2006.

Segundo Soltanieh, a resolução “não vai interromper” o programa nuclear do Irã, e seu governo “não aplicará” o conteúdo do documento, já que se trata de uma “resolução política”.

O diplomata iraniano disse, no entanto, que seu país não se retirará do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

F.Online

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Parmenas Alt
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