Você rói as unhas?  Estudos estimam que o hábito afete entre 20% e 30% da população mundial. Os motivos para a prática variam de acordo com a pessoa, muitos associam ao nervosismo, ansiedade, tédio, fome, frustração e até mesmo como uma forma de relaxamento. Entretanto, as causas que levam a isso ainda permanecem um mistério para a ciência e para a comunidade médica, como afirma um estudo sobre o tema publicado na revista especializada Iranian Journal of Medical Sciences, segundo informações da BBC Brasil.
Onicofagia
O termo técnico para o hábito de roer as unhas é onicofagia e pode levar a problemas psicossociais significativos e ter um impacto negativo na qualidade de vida das pessoas, de acordo com um estudo publicado em 2016 na revista on-line PubMed.com.
Roer unhas também pode causar problemas na unidade ungueal (da unha) e na cavidade oral, de acordo com outro estudo chamado Onicofagia: o mistério, para os médicos, de roer as unhas. Para os autores dessa pesquisa, este problema é tão difícil de tratar que é preciso um esforço multidisciplinar envolvendo dermatologistas, pediatras e dentistas, entre outros.
Não é TOC
A Associação Americana de Psiquiatria incluiu a onicofagia na lista de transtornos obsessivos-compulsivos (TOC), mas nem todos os psiquiatras concordam com isso. Alguns deles argumentam que apesar de a onicofagia ser, como no caso do TOC, uma conduta natural levada ao excesso, as obsessões do TOC são motivadas por ansiedade. O que não ocorre sempre nesse hábito.
O problema pode ser grave, porém quando associado a outras condições como transtorno por déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) ou transtorno de ansiedade por separação (TAS).
Uma das razões para roer as unhas, mas que poucos confessam é que esse é um hábito relaxante. Para Sigmund Freud, o pai da psicanálise, poderia ser uma alteração no desenvolvimento psicossexual na fase oral, que se transforma em uma fixação oral.
A ligação com o prazer também já foi destacada em alguns estudos com animais. Apesar de camundongos não roerem as unhas, quando cientistas deram endorfinas a eles &ndash o chamado hormônio da felicidade &ndash eles alisavam menos o pelo. Quando eles recebiam medicamentos que bloqueavam as endorfinas, os camundongos alisavam mais o pelo. Isso seria um indicador de que alisar o pelo &ndash e isso remete ao hábito de roer as unhas, que também é um hábito associado à aparência &ndash em excesso está ligado ao prazer.
Por outro lado, um estudo publicado em 2015 na revista científica Journal of Behaviour Therapy and Experimental Psychiatry indica que o que move a onicofagia não é a ansiedade, e sim o perfeccionismo. A pesquisa concluiu o hábito pode ajudar pessoas perfeccionistas a diminuir a irritação, o tédio ou a insatisfação.
A genética é outra possível explicação para o hábito de roer as unhas. Pesquisas já mostraram que um terço das pessoas que roem as unhas tem familiares com o mesmo hábito e que isto é algo comum entre gêmeos.
Riscos
Há quem defenda que pessoas que roem as unhas têm um sistema imunológico mais forte, pois vão introduzindo aos poucos agentes estranhos ao organismo. Mas é difícil encontrar provas disso. Além disso, a prática pode levar coisas indesejáveis à boca, como bactérias E. coli e salmonela, que podem se propagar pelo organismo e gerar problemas de saúde. 
Segundo a Academia Americana de Dermatologia (AAD) as infecções bacterianas causadas pelo hábito de roer as unhas são um dos problemas mais comuns. A paroníquia, por exemplo, é uma infecção da pele ao redor das unhas. É dolorosa e, em casos mais graves, pode necessitar de uma intervenção cirúrgica.
Outro problema causado pela prática é a deformação nos dentes, o desgaste prematuro e até mesmo a mudança de posição dos dentes, afetando a oclusão dental ou a mordida.
Parar de roer as unhas é possível
As estatísticas estimam que 45% dos adolescentes roem as unhas, no entanto este número cai de forma significativa quando falamos de adultos. O dado sugere que é possível sim abandonar o hábito, por mais difícil que seja.
A maioria dos que conseguem relatam fracasso em tentativas anteriores. Felizmente, os métodos são muitos e variam desde soluções domésticas, como as broncas dos pais e amigos, substâncias com sabores desagradáveis colocadas nos dedos, até terapias ou dispositivos como pulseiras que dão choques elétricos para tentar corrigir vícios.
 
 
Redação:VEJA.COM