quinta-feira, 07/11/2024
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Política adiciona pressão a mercado já arredio por cena externa

Como resultado, a serenidade que imperava no mercado financeiro há até poucos dias se esvaiu, embora o cenário não seja nem de longe similar ao da tensão pré-eleitoral de 2002.

Nesta semana, o dólar avançou mais de 2,5 por cento e superou 2,20 reais pela primeira vez desde julho, o risco Brasil subiu mais de 30 pontos e chegou a 250 pontos-básicos, e o Ibovespa perdeu o patamar de 35 mil pontos. Confira a cotação do dólar hoje.

Segundo economistas, o episódio do chamado “dossiê Serra” e o acirramento da disputa entre os partidos deixa dúvidas sobre a governabilidade no próximo mandato e, portanto, sobre as condições para aprovar reformas consideradas essenciais para que o Brasil cresça mais e de forma sustentável.

“Começar o novo governo sem um consenso político é preocupante. Some-se a isso problemas como os da Tailândia e da Hungria e o investidor coloca o pé no freio”, resumiu o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, ponderando que os fundamentos da economia são positivos.

Para o diretor de mercados emergentes da Arkhe Corretora, Felipe Brandão, é difícil medir o peso do cenário político e o das incertezas externas sobre os ativos, mas é perceptível que “está existindo uma piora do Brasil além da média do mercado”.

O quadro político, segundo Brandão, está “potencializando” no país um movimento de cautela e ajuste de posições em emergentes que já ocorreria pelo temor de um “pouso forçado” nos Estados Unidos e pelos ruídos com um golpe de Estado na Tailândia, instabilidade política na Hungria e possibilidade de reestruturação da dívida do Equador.

Nesta sexta-feira, o spread entre o risco Brasil e a média dos emergentes, medida pelo EMBI+ do JP Morgan, era de 35 pontos. No início do mês, essa diferença chegou a ser inferior a 10 pontos, durante os negócios.

O Global 40, bônus brasileiro que é referência entre os emergentes, era cotado a 128,5 por cento do valor de face, não tão distante do recorde registrado no primeiro semestre, acima de 133 por cento.

MAIS VOLATILIDADE

O grupo de estratégia para América Latina no BBVA não descarta volatilidade de curto prazo para os bônus, “especialmente após a recente instabilidade política no Brasil”, e recomenda uma postura defensiva.

Mas para os analistas do banco, o fator-chave no comportamento dos títulos da dívida brasileira será o mercado norte-americano, em especial os Treasuries de 10 anos .

“Não cremos que o recente ruído político local terá um impacto significativo sobre o rendimento da dívida externa porque não afeta a solvência do governo”, apontou o BBVA em relatório na quinta-feira.

“Ao nosso ver, as complicações políticas são um motivo de preocupação a médio prazo que poderia afetar a moeda e a renda variável ao diminuir a capacidade do próximo governo de introduzir reformas.”

Apesar da recente deterioração, a fotografia dos mercados a pouco mais de uma semana das eleições passa longe da turbulência de quatro anos atrás, quando a moeda norte-americana atingiu 4 reais.

O risco-país é um décimo do nível a que chegou naquele ano, apesar do recente repique. O Ibovespa em dólar está mais de sete vezes acima do patamar visto em outubro de 2002.

Nesses quatro anos, indicadores externos acompanhados de perto por investidores estrangeiros melhoraram.

As reservas internacionais dobraram para 71 bilhões de dólares, a relação entre serviço da dívida e exportações caiu de 82,7 por cento para 58,2 por cento e a de dívida total frente ao PIB deslizou de 45,9 a 20,3 por cento.

Para dar continuidade a esses avanços é que os analistas esperam mais reformas estruturais no próximo governo, principalmente no campo fiscal e tributário.

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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