Polícia Civil investiga áudios do celular de um presidiário para tentar esclarecer o desaparecimento de Nicolle Brito Castilho da Silva, de 20 anos, vista pela última vez no dia 2 de junho em Cachoeirinha, Região Metropolitana de Porto Alegre. A suspeita é que ela tenha sido assassinada, e que o crime tenha tido relação com outros dois homicídios.
Conforme o delegado Leonel Baldasso, uma análise preliminar do conteúdo mostra ameaças de morte a uma mulher apelidada de 'Nick' e a outra jovem. A Justiça concedeu quebra de sigilo telefônico à polícia, tanto do celular do apenado da Cadeia Pública de Porto Alegre, novo nome do Presídio Central, quanto dos aparelhos da adolescente com quem ele conversava.
Em um trecho de um áudio obtido pela polícia, o preso diz o seguinte: "Eu vou te matar. Aquela vez eu ia pagar para te matarem, mas dessa vez estou sem dinheiro e quem te vai matar vai ser eu. Aquela vagabunda, eu sumi com aquela p… bem ligeirinho, e tu vai ver como vou sumir contigo."
O suspeito foi interrogado antes da obtenção dos áudios. Ele negou participação no crime e disse que não conhecia Nicolle. A polícia planeja tomar um novo depoimento do apenado para confrontar as informações com as provas colhidas.
Segundo Baldasso, o inquérito que investiga o desaparecimento de Nicolle já tem mais de 400 páginas. A principal suspeita da polícia é que o caso tenha relação com o duplo homicídio de Paola dos Santos, de 21 anos, e Ricardo Correa Sobrinho, de 26 anos, que aconteceu dois dias antes do sumiço. Segundo o inspetor Cristian Lemos, que trabalha na investigação do caso, elas teriam se envolvido com uma facção rival.
"A Nicolle e a Paola teriam armado com algum rival para que matassem o Ricardo. Mas ela [Paola] teria sido morta por não confiarem nela. Já a Nicolle, por estar jogando nos dois lados, ambos gostariam de ver ela morta", afirma.
Apesar de ter identificado o provável mandante do desaparecimento de Nicolle, a polícia ainda busca os executores da ordem, que estavam no carro em que ela foi vista pela última vez.
Os celulares, tanto do preso quanto da jovem, ainda passarão por perícias. Logo após, Baldasso pretende pedir o indiciamento dos dois pelo crime.
Inicialmente, a polícia trabalhava com três hipóteses para o desaparecimento: de a jovem ter se escondido para não ser morta; estar sendo mantida em cárcere privado ou ter sido morta e o corpo, ocultado.
Quando a investigação completou dois meses, o delegado passou a se limitar a uma linha. "A polícia trabalha com a pior hipótese, de ela ter sido morta e o corpo, ocultado. É muito pouco provável que ela esteja desaparecida, até pelo tempo. Na verdade, há 1% de chance de ter desaparecido", disse Baldasso, que mantém a mesma tese.
- Por Hygino Vasconcellos e Luã Hernandez, G1 RS