Cerca de 140 famílias integrantes do Movimento Sem Terra (MST) foram despejadas ontem da Fazenda Panorama, em Sinop. A decisão judicial foi cumprida em favor de Oscar Hermínio Ferreira Filho, que conseguiu no Tribunal de Justiça de Mato Grosso a posse provisória sobre a área. O empresário trava disputas judiciais há anos contra fazendeiros que também se dizem donos de 144 mil hectares de terras que começam em Sinop, passam por Claudia e terminam em Colíder.
A retirada dos integrantes do MST foi pacífica e deve ser concluída totalmente hoje pela manhã. A situação ficou tensa por conta dos fazendeiros que enfrentaram o advogado de Oscar Hermínio, Milton Miró Vernalha, em frente à sede da Fazenda Panorama.
Durante a conversa, chegou-se a falar em morte, mas o embate não passou dos atritos verbais. Por fim, alguns fazendeiros aceitaram o convite de Vernalha para iniciarem negociações.
A retirada das famílias do MST começou por volta das 5h de ontem, quando a Polícia Militar deslocou uma tropa formada por 90 homens até a fazenda. Participaram policiais de Sinop reforçados por militares de Peixoto de Azevedo, Alta Floresta, Sorriso, além de todo o grupamento do Comando de Operações Táticas de Alto Risco (Cotar). Todos os policiais estavam armados. “Estamos demonstrando a nossa força. É uma estratégia para não termos que usá-la”, explicou o tenente Fábio Mota.
Assim que os policiais chegaram à fazenda, os oficias de justiça fizeram a leitura do mandado de imissão de posse e negociaram a retirada. Depois de uma reunião de 15 minutos, o MST decidiu sair pacificamente.
O favorecido pelo TJ, Oscar Hermínio, disponibilizou sete ônibus, três caminhões, um trator de esteira e funcionários.
As famílias foram levadas para onde tinham ido anteriormente. Algumas voltaram para acampamentos em Sorriso e Claudia, outras permaneceram em Sinop e algumas que não tinham destino, prometeram montar acampamento nas margens da BR-163. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) estava no local para impedir.
Depois de ficar por mais de quatro horas impedido pelos oficiais de justiça e PM de dar entrevista, um dos líderes do movimento dos Sem-Terra, Édson dos Santos, disse que a sede da Fazenda Panorama tinha sido ocupada havia cerca de 60 dias com o consentimento da antiga proprietária, que chegou a fornecer as chaves do imóvel.
Santos explicou que o grupo aguarda a conclusão do processo de aquisição dos cerca de 6,9 mil hectares da fazenda que tramita no Incra. “Existe um processo de aquisição das terras que já foi vistoriado, feito audiência pública e firmado compromisso diante de várias autoridades em Cláudia”, declarou.
fonte: dc