quinta-feira, 07/11/2024
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PMs homossexuais revelam perseguição

Há duas semanas, a história do casal homossexual do Exército, os sargentos Fernando Alcântara Figueiredo e Laci Araújo, ambos de Brasília (DF), ganhou repercussão nacional. Ao se sentirem ameaçados pela corporação, eles resolveram denunciar em um programa de televisão as formas de perseguição que, segundo eles, vinham sofrendo dos seus superiores e colegas de farda. O fato não é isolado.

Casos de homossexualidade dentro de corporações militares acontecem com muito mais freqüência do que imaginado e a sensação de perseguição por quem tem essa orientação sexual não está restrita ao episódio da capital federal. Em Mato Grosso, homens da Polícia Militar também vêm sofrendo ameaças e se sentem humilhados diante da revelação de que são homossexuais.

O cabo da Polícia Militar P.C.B, de 28 anos, que atuava na Capital, foi recentemente transferido para o interior do Estado, o que ele identifica como retaliação pelo fato de ser gay. “Depois que descobriram a minha homossexualidade, já é a quarta vez que sou transferido para cidades do interior”, afirma. Ele explica que quando entrou para instituição, em 2000, ninguém sabia sobre sua orientação sexual e que o anonimato perdurou por quatro anos. Após esse período, os colegas começaram a suspeitar. “Então, vieram as piadinhas e chacotas. Sem falar daqueles que antes eram considerados meus amigos e se afastaram por acharem que os outros desconfiariam da masculinidade deles”, queixa-se.

Segundo o PM, depois que a informação de que ele era gay chegou ao conhecimento da Corregedoria Militar, as sanções começaram a ser freqüentes. “Sem motivo algum eles chegavam até a mim e informavam a minha transferência”. O cabo tem um companheiro que também faz parte da corporação, o soldado R.S.. Entretanto, a Polícia Militar não tem conhecimento da homossexualidade dele. “Hoje, eu sou assumido dentro e fora da corporação, mas ele ainda tem medo de sofrer as mesmas perseguições que eu sofro”, esclarece P.C.B..

O cabo conta que devido às recorrentes transferências está sendo prejudicado. Ele teve que trancar a faculdade de Direito, que deveria concluir no próximo ano. “Antes, dava para eu trabalhar e estudar, mas tive que trancar a universidade”.

Outro caso de homossexualidade confirmado dentro da corporação foi do ex-soldado Marcos Mendes de Arruda, de 32 anos. Segundo ele, em virtude de um encontro, quando ainda estava em fase probatória na PM, ocorrido em 2001, foi praticamente obrigado a assinar o pedido de exclusão da polícia. “Eu fui pego em flagrante por um tenente da PM, dentro de um carro (na rua) com outro rapaz. Depois disso, minha vida virou um inferno”. Segundo Arruda, o processo de permanência na PM já tinha sido deferido. Mesmo assim, “eles fizeram outro documento indeferindo e falavam que não aceitavam gays dentro da corporação e queriam que eu assinasse o processo de exclusão”.

Ele, no entanto, tinha um amigo influente dentro da corporação, que conseguiu mantê-lo. Entretanto, foi transferido para Rondonópolis, onde, segundo o ex-soldado, sofreu preconceito. Não agüentando as pressões, em 2003, Arruda pediu para sair.

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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