Bastaram duas horas de sessão com plenário esvaziado, para que o Conselho Político do PMDB aprovasse, por aclamação, a adesão do partido ao governo Lula. Em retribuição, espera ganhar o comando de cinco ministérios na equipe que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva monta para seu segundo mandato.
Embora o partido tenha dado uma demonstração inédita de unidade em favor do Palácio do Planalto, a decisão não foi unânime: o Diretório de Pernambuco, liderado pelo ex-governador e senador eleito Jarbas Vasconcelos, votou contra, e o Diretório do PMDB no Acre absteve-se de votar. Ninguém falou em cargos na reunião, mas o entendimento geral é de que, aprovada a idéia da coalizão proposta pelo Planalto, está dada a largada para a negociação oficial do espaço de poder que caberá ao PMDB na Esplanada dos Ministérios.
O presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), condicionou o apoio ao governo ao cumprimento dos sete pontos da agenda apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que inclui as reformas política e tributária, o crescimento econômico de 5% ao ano e a criação de um conselho político da coalizão. Mas a manutenção do consenso no PMDB dependerá mesmo da montagem do novo Ministério.
O partido espera manter as duas pastas que comanda (Minas e Energia e Comunicações) e retomar o Ministério da Saúde, que avaliam ter perdido com a saída do deputado Saraiva Felipe (MG). É preciso ainda acertar a partilha de cargos entre as bancadas na Câmara e no Senado. Um dos cenários em discussão, prevê que o PMDB do Senado fique com os dois ministérios que já tem: Minas e Energia, da cota do senador José Sarney (PMDB-AP), e Comunicações, dirigido pelo senador Hélio Costa (MG).
A briga maior será travada entre os deputados, que sonham em ter três ministérios, entre Cidades, Saúde, Transporte e Integração. Admitem se contentar com duas pastas, apenas na hipótese de a bancada, majoritária na Câmara, vir a ocupar a presidência da Casa. O deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) é o mais cotado para o posto de presidente. Líderes de todas as alas do partido deixaram claro na reunião do conselho que a parceria aprovada é direta com o presidente da República, e não com o PT, e que terá validade até 2010, quando o partido pretende lançar candidato próprio na corrida presidencial.
Para evitar que a votação se estendesse além dos sete pontos da agenda mínima da coalizão, ficou acertado que as sugestões apresentadas para detalhar e melhorar a proposta serão organizadas e levadas ao presidente Lula mais adiante. O governador Germano Rigotto (RS) foi escalado para organizar a parte relativa à reforma tributária.
O Conselho Político inclui a Executiva Nacional do partido e seus ex-presidentes, além dos governadores e dos presidentes dos diretórios estaduais. São ao todo 60 participantes, mas só 45 compareceram à reunião em Brasília. As bancadas da Câmara e do Senado também foram convidadas, mas a maioria dos parlamentares não apareceu.
O grupo dissidente do Senado, composto por seis parlamentares, reuniu-se no gabinete de Garibaldi Alves (RN) antes da reunião do Conselho. Embora tenham reafirmado a postura de oposição ao governo, nenhum deles protestou contra a coalizão ontem. Apenas o senador Pedro Simon (RS), que ao menos por enquanto não pertence oficialmente ao grupo, declarou que mantém sua independência em relação ao governo. Mas nem ele rejeitou a adesão.
Redação/TI