O governo brasileiro elevou em 12% os recursos disponíveis para crédito agropecuário na safra 2008/09, para R$ 65 bilhões, buscando aumentar a produção de grãos em um momento de escassez global de alimentos. O crédito agrícola terá ainda um incentivo de R$ 13 bilhões para a agricultura familiar, cujo anúncio será feito nesta quinta-feira.
“Esse plano não foi feito sob pressão, foi feito sob a compreensão da necessidade e do significado que o Brasil tem neste momento da história da humanidade e na história do planeta Terra”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante evento em Curitiba (PR) para divulgar o Plano Safra 2008/09.
Apesar das elevações da taxa básica de juros, a Selic, o governo decidiu manter em 6,75% ao ano a taxa na parcela de empréstimos a juros controlados, cujo volume de recursos subiu em 20% em relação a 2007/08, para R$ 45,4 bilhões. O objetivo é elevar a produção de grãos na safra 2008/09 em 5%, ao volume recorde de 150 milhões de toneladas.
“Neste momento da história em que se fala de crise e inflação por conta alimentos, temos de dar resposta não contendo a capacidade de consumo do povo e de produção, temos que aumentar a produtividade neste país”, destacou.
Ele se referiu ao fato de o Brasil poder colaborar para atender à crescente demanda internacional. “O mundo está comendo mais e não temos dimensão do que pode acontecer. Temos mais chineses, indianos, latino-americanos, africanos comendo, e muito mais brasileiros”, completou Lula.
“Nós, brasileiros, sem nenhuma arrogância e sem nenhuma presunção, precisamos encarar como uma oportunidade extraordinária de nos transformarmos verdadeiramente no celeiro do mundo.”
Mais recursos para estoques
Além da parcela do Plano Safra 2008/09 destinada à agricultura comercial, há um crédito extra de R$ 13 bilhões para a agricultura familiar, de pequena escala, o que eleva o montante para o setor agropecuário na nova safra para R$ 78 bilhões.
Preocupado com os níveis dos estoques públicos de alimentos, que podem auxiliar o governo em momentos de oferta local apertada, o governo elevou o volume de dinheiro que será utilizado nas compras diretas de alimentos no mercado.
A política de apoio a comercialização, que inclui as compras diretas, terá R$ 3,8 bilhões, contra R$ 2 bilhões no ano passado. Para as aquisições no mercado, serão destinados R$ 2,3 bilhões.
A questão ambiental, que tem influenciado os mercados agrícolas recentemente, com a preocupação de grandes importadores de que o Brasil avance na floresta em busca de maior produção, foi incluída no Plano Safra.
O governo vai destinar uma parcela pequena do pacote – R$ 1 bilhão – para a recuperação de áreas degradadas, para posterior cultivo. “Em um momento de escassez e de alta nos preços dos alimentos, o Brasil tem a possibilidade real de se consolidar como um dos maiores fornecedores de produtos agropecuários para o mundo”, afirmou o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.
Anteriormente, o ministro havia afirmado que esperava um acréscimo de 2 a 3 milhões de hectares na área total de cultivo com grãos no Brasil na próxima safra. Na safra 2007/08, o Brasil cultivou 47 milhões de hectares com grãos, com estimativa do governo de obter produção de 143,2 milhões de toneladas.