Disposto a conter danos colaterais durante as investigações, o Palácio do Planalto está conduzindo –via Secretaria de Relações Institucionais –a montagem da CPI mista de Cachoeira.
Além da avaliação de nomes para a relatoria e de membros da CPI, a equipe da ministra Ideli Salvatti também busca quadros para assessorar tecnicamente os governistas na comissão.
Em CPIs que funcionaram, como a do mensalão, funcionários mais experientes do Congresso foram disputados entre oposição e base aliada.
A orientação do governo agora é se antecipar na escolha. O assessor é quem ajuda a traçar estratégia de atuação, bem como dissecar as centenas de dados que chegam a uma CPI a pedido dos parlamentares.
A Folha apurou com parlamentares e interlocutores de Ideli que a ministra participa ativamente da escolha do relator, mantendo uma série de reuniões com líderes e parlamentares.
O deputado Odair Cunha (PT-MG), ligado a ela, foi sondado ontem para ocupar o posto. Mas ainda ontem não estavam descartados os nomes do ex-líder Paulo Teixeira (PT-SP) e do ex-ministro Luiz Sérgio (PT-RJ). Apesar da disposição do ex-líder Cândido Vaccarezza (PT-SP) de assumir a tarefa, sua postulação enfrentava resistência no Palácio do Planalto.
Participantes da negociação alegavam ontem desconhecer a decisão final porque sua condução acontece "em outras esferas" que não do Congresso Nacional.
Preterido pelo PR para uma cadeira da comissão, o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) ameaçava ontem protestar na tribuna da Câmara. Ele alega ter se apresentado para a comissão. Diz, no entanto, que foi excluído por determinação do Palácio.
Líder do partido, Lincoln Portela (MG) afirma que a escolha obedeceu à ordem de apresentação de pretendentes. A relação do empresário Carlos Cachoeira com o governo do Rio durante a gestão de Garotinho teria pesado para a escolha.