Uma gravidez complicada, fora do útero e que, se não tratada da forma correta, pode levar a mulher até à morte. Assim é a gravidez tubária, que não é tão comum (apenas 2% dos casos de gravidez), mas que pode ser um dos efeitos colaterais do uso da pílula do dia seguinte. “Ela é uma implantação do ovo fecundado e recém-formado na trompa, por impossibilidade de chegar ao local normal de inserção, que é o útero”, explica a ginecologista e obstetra Marília de Siqueira. “A pílula do dia seguinte facilita a gravidez tubária, porque altera a motilidade da trompa”, completa a médica.
Jovens devem ficar atentos para os riscos da utilização da pílula do dia seguinte
Além do uso da pílula do dia seguinte, essa impossibilidade pode ser causada por: infecções geradas por DST, que inflamam e obstruem a trompa; por dificuldade na motilidade tubária (a movimentação natural da trompa é mandar o ovo para dentro do útero, em até seis dias; se a motilidade estiver invertida, ela faz o movimento para fora do útero, ao invés de para dentro); pelo uso do DIU, que além de deixar a trompa inflamada e obstruída, também altera a motilidade tubária; por fertilização in vitro.
Segundo a Dra. Marília de Siqueira, “as pessoas precisam ser orientadas, inclusive na bula da pílula do dia seguinte”. “Na bula diz que ela pode dificultar a implantação do ovo, mas não explica como”, justifica.
O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), através do seu presidente, Cid Carvalhaes, afirma que a escolha do uso da pílula do dia seguinte é muito íntima. “Para as mulheres que querem cultivar as conveniências do seu corpo, o Sindicato não vê problema nenhum no uso da pílula”, avisa.
Sintomas
Os sintomas da gravidez tubária são atraso menstrual, dor e um pequeno sangramento. Dentro da cavidade abdominal ocorre uma hemorragia, que geram as dores abdominais. “A dor é lateral, onde são as trompas, e não central, onde fica o útero. É uma dor nada rotineira em inícios de gestações normais. Isso quando não rompeu a trompa ainda”, explica a médica. “Quando a trompa rompe, a dor é mais intensa, a pressão cai e a pessoa tem até uma sensação de desmaio”, completa.
O período de rompimento da trompa é variável, mas, em geral, acontece com três ou quatro semanas de gravidez tubária. “É difícil ela ser detectada antes da trompa romper, porque, quando há o atraso menstrual a mulher já está com mais ou menos três semanas de gravidez. E m geral, o diagnóstico é feito quando rompe. Quando ela começa a ter dores fortes, a trompa já está rompendo. É possível, mas é muito raro esse diagnóstico prévio”, explica a Dra. Marília. O diagnóstico é feito através de Beta HCG positivo e de ultra-sonografia.
Uma vez detectada a gravidez tubária, é feita uma cirurgia para preservar a trompa rompida. “A recuperação é lenta, é preciso repouso, mas geralmente, se é bem conduzida, o quadro evolui bem”, afirma a ginecologista. Caso a paciente não seja atendida a tempo ou não receba um atendimento adequado, a gravidez tubária pode ser fatal, em conseqüência da hemorragia.
A cirurgia altera um pouco o índice de fertilidade da mulher, mas não a deixa estéril. “Se a outra trompa estiver boa, a fertilidade fica mantida. E a trompa mexida fica mais curta, mas pode ser reconstituída depois”, explica a médica.
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