Essa é a diferença entre o PIB de R$ 2,094 trilhões, previsto para 2006 (considerando-se uma estimativa de crescimento de 3,5% até o final do ano e inflação de 4,5%), e o de R$ 2,461 trilhões, valor que seria alcançado se o Brasil tivesse crescido a uma taxa de 5% ao ano desde 2003, como almejado.
Em um dos cadernos temáticos que detalhavam seu programa de governo em 2002, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmava: “toda a política econômica no período de 2003 a 2006 deve ser concebida para viabilizar um crescimento médio de pelo menos 5%”.
No texto geral do programa de governo, a expectativa em relação ao crescimento era ainda maior. “O Brasil já demonstrou, historicamente, uma vocação para crescer em torno de 7% ao ano. É essa vocação que o nosso governo vai resgatar”, dizia o documento.
Nesses quatro anos de governo, no entanto, o crescimento foi mais modesto.
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 0,5% em 2003, 4,9% em 2004 e 2,3% em 2005.
A coordenação da campanha de Lula à reeleição admite que o crescimento ficou aquém do desejado. Mas diz que, no âmbito possível, o Brasil cresceu mais do que nos oito anos anteriores e que, para um eventual segundo mandato, o compromisso é um desempenho nos mesmos patamares dos países em desenvolvimento.
Emprego
Segundo Considera, que foi secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, uma das conseqüências desse baixo crescimento é a menor geração de emprego.
“Mantendo-se a produtividade, a mesma quantidade de produto por trabalhador de 2002, deveriam ter sido gerados 7,74 milhões de empregos com esse crescimento do PIB”, diz o economista.
“Caso se atingisse a taxa de 5% ao ano, seriam 14,304 milhões de empregos a mais”, afirma Considera.
O programa de governo de 2002 falava em 10 milhões de vagas. “O país precisa criar 10 milhões de empregos. Pode parecer um número exagerado, mas não é”, dizia a carta ao povo brasileiro assinada por Lula em 23 de julho de 2002.
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram criados 4,5 milhões de empregos com carteira assinada desde 2003.
Se incluídas vagas no serviço público e informais, esse número sobe para aproximadamente 6 milhões de empregos.