A economia brasileira encolheu 1,5% no primeiro trimestre de 2020 em relação aos três meses anteriores, impactada pelas medidas de distanciamento social contra o novo coronavírus. O número foi divulgado nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em valores correntes, o Produto Interno Bruto (PIB), que é soma dos bens e serviços produzidos no Brasil, totalizou R$ 1,803 trilhão de janeiro a março.
Na comparação com igual período do ano passado, o PIB caiu 0,3%. Já no acumulado dos últimos 12 meses encerrados em março, a economia cresceu 0,9%, na comparação com os 12 meses imediatamente anteriores.
O resultado é o pior para o trimestre desde o segundo trimestre de 2015, quando a atividade caiu 2,1%, e interrompe uma sequência de quatro trimestres de crescimento. Com isso, a economia voltou a um patamar próximo ao que estava no segundo trimestre de 2012.
A queda foi puxada principalmente pela contração de 1,6% do setor de serviços, responsável por 74% da composição do PIB pela ótica da oferta.
“Aconteceu no Brasil o mesmo que ocorreu em outros países afetados pela pandemia, que foi o recuo nos serviços direcionados às famílias devido ao fechamento dos estabelecimentos. Bens duráveis, veículos, vestuário, salões de beleza, academia, alojamento, alimentação sofreram bastante com o isolamento social”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Ainda pelo lado da oferta, a indústria sofreu contração de 1,4%, puxada principalmente pela extrativa e pela construção. Já agropecuária cresceu 0,6% no primeiro trimestre.
Pela ótica da despesa, o consumo das famílias diminuiu 2,0%, na maior queda desde 2001. Sob esse recorte, os gastos das famílias representam 65% da composição do PIB. “Foi o maior recuo desde a crise de energia elétrica”, destacou Rebeca.
Já os investimentos, medidos pelo indicador formação bruta de capital fixo, aumentaram 3,1% de janeiro a março, enquanto os gastos do governo ficaram praticamente estáveis, com alta de 0,2%.
Na balança comercial, as exportações brasileiras de bens e serviços caíram 0,9% , e as importações subiram 2,8%.
“As exportações foram bastante prejudicadas pela demanda internacional. Um dos países muito importantes para a gente que tem afetado nossas exportações é a Argentina. E a China também, que no primeiro trimestre foi o primeiro país a fechar as fronteiras. Então as nossas exportações foram bastante afetadas”, explica Rebeca.
Revisões
O IBGE revisou a taxa de crescimento do PIB no 4º trimestre de 2019 para 0,4%, contra 0,5% anteriormente.
Também alterou os números do primeiro trimestre para uma alta de 0,2% (contra estagnação de 0%, anteriormente) e do terceiro trimestre para avanço de 0,5% (contra 0,6%). O crescimento de 0,5% no segundo trimestre foi mantido.
Em atualização
CNN Brasil Business, em São Paulo