A Polícia Federal (PF) prendeu em flagrante quatro argentinos, um paraguaio e três brasileiros que tentavam caçar na região de Sinop, no Mato Grosso. Outros sete suspeitos também foram detidos. As prisões fazem parte da Operação Jaguar, que tem o objetivo de desmantelar uma organização criminosa com atuação nos Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paraná, cuja principal atividade consiste no abate clandestino de animais de grande porte, principalmente onças-pintadas, pardas e pretas, no Pantanal e em outras regiões do País.
De acordo com a PF, os agentes também cumpriram 14 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal de Corumbá (MS). Os oito suspeitos presos em flagrante em Sinop portavam grande número de armas e munições de diversos calibres. As investigações tiveram início no ano passado após relatos do encontro de carcaças de onças em algumas fazendas na região pantaneira e do sumiço de felinos que estavam em monitoramento pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A PF, então, encontrou pessoas transportando em caminhonetes cães típicos para caça de grande felinos. Elas estavam acompanhadas do filho do “Caçador de Onça” – o mais famoso caçador de desses felinos no Brasil -, que se diz regenerado da fama e convertido ao trabalho pela preservação da espécie. As investigações apontaram que o conhecido caçador e seu filho aproveitavam a captura de onças para encoleirar os bichos para o programa Pró-Carnívoros, desenvolvido pelo Ibama, para acobertar a caça clandestina e predatória.
De acordo com a polícia, os caçadores chegam ao Pantanal por meio de aviões particulares, que pousam em fazendas da região equipados com modernas armas de caça. Nas fazendas utilizam os cães, normalmente cedidos por caçadores da região ou por fazendeiros que têm interesse em proteger o gado. Depois de tirar fotos dos animais abatidos, os caçadores destroem as carcaças. Há evidências que alguns “troféus” são levados até para o exterior, uma vez que a PF descobriu a frequente participação de um morador de Curitiba (PR) com conhecimento em taxidermia – arte de empalhar animais.
“Safári”
Ainda segundo a corporação, normalmente as caçadas são organizadas por um profissional que mora em Cascavel, também no Paraná. Pelos chamados “safáris”, os clientes pagavam por animal abatido e, por um valor maior, tinham direito a pele, cabeça ou a todo o animal, que era empalhado em Curitiba. Os agentes não descartam a possibilidade do grupo participar de safáris na África, trazendo para o Brasil peles e partes de animais, inclusive marfim – cuja comercialização é proibida internacionalmente -, caçados na África.
Os suspeitos serão indiciados com base na Lei de Crimes Ambientais, como perseguir, caçar ou matar animais da fauna silvestre sem permissão, cuja pena varia entre seis meses e um ano; por porte ilegal de arma de fogo, cuja pena prevista é de até 4 anos de reclusão; e formação de quadrilha, com pena entre um e três anos.
Agência Estado/Uol