Inconsistência de dados e incompatibilidade entre as datas das operações de venda de gado, cheques de pagamento e recibos impediram a Polícia Federal de atestar a autenticidade ideológica dos documentos entregues pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para comprovar a origem do dinheiro da pensão paga à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha. Por conta dessas deficiências, a PF deixou de emitir um laudo conclusivo.
Entregue ontem ao presidente do Conselho de Ética, Sibá Machado (PT-AC), o relatório não descarta a hipótese de que a documentação pode ter sido maquiada. Segundo explicações de um perito que teve acesso à análise, é preciso ter mais elementos para dizer se os documentos são ou não autênticos, ou se houve adulterações.
A perícia é assinada pelo diretor do Instituto Nacional de Criminalística (INC), Clênio Beluco, que já atuou em vários casos relevantes, como o inquérito Mensalão/Correios, que investigou um esquema de fraudes em licitações, caixa 2 na estatal e pagamento de mesadas a parlamentares, e a das Sanguessugas, sobre a máfia das ambulâncias superfaturadas, adquiridas com emendas de parlamentares.
Dos vários quesitos de perícia que foram analisados, apenas um confere: a assinatura de Renan nos recibos e em outros documentos. Todos os demais precisam de análise mais acurada, conforme o perito. Sem esse aprofundamento, não é possível analisar se houve venda de gado e, se houve, quantos bois saíram do pasto para o açougue.
US