domingo, 22/12/2024
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PF diz que delegado comercializava

Investigações da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul apontam que o delegado Waldeck Duarte Júnior, 45 anos, titular da Delegacia Metropolitana de Cuiabá, comprava, em Ponta Porã, e vendia, em Mato Grosso, armas e principalmente munições contrabandeadas do Paraguai, algumas de uso restrito, junto com Jorge Luís da Silva, que também é do Estado. O grupo com o qual o delegado e Silva estão sendo ligados pela PF tem atuação internacional.

Diante das últimas informações, a Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso voltou atrás e afastou Waldeck por 120 dias, desde ontem, ao invés de mantê-lo trabalhando normalmente até o fim do processo administrativo aberto contra ele na última segunda-feira. O procedimento correrá em 30 dias, prorrogáveis por mais 30, e no final poderá ser pedida sua exoneração.

Após cinco meses de investigação, a PF desencadeou, na última sexta-feira, uma operação em Ponta Porã, que faz fronteira seca com o município paraguaio de Pedro Juan Cabalerro, sendo possível cortar os dois países a pé. É em Pedro Juan que funcionam lojas do ramo bélico de dois dos cinco principais alvos da operação, pessoas acusadas de tráfico de armas e munições.

Alberto Dornelles Rodrigues, preso em Dourados (MS), é dono da “Casa Combate”. Ele aparece como líder da quadrilha e principal fornecedor para o Brasil. Em seu comércio, trabalhava Amauri Carlos dos Santos, preso em Ponta Porã, e o empresário Nadin Raymundy El Hage, proprietário da loja Monte Líbano. Os outros dois alvos são justamente Waldeck e Silva. Mais outras cinco pessoas são acusadas de envolvimento no contrabando. Todas de São Paulo e estão presas.

No dia em que a operação foi desencadeada, havia contra Waldeck e Silva apenas mandados de busca e apreensão expedidos pela 1ª Vara Federal de Ponta Porã e cumpridos pela Polícia Federal de Mato Grosso, sendo que, com o delegado, foram encontradas provas necessárias para detê-lo em flagrante. Silva não foi preso.

“São fortes os elementos contra o delegado”, afirma o agente federal Francisco Moraes, da PF em Ponta Porã, que participou da operação. Sem informar o montante que teria sido movimentado pelos dois do Estado. Mas garante que não é uma quantidade que justifique o uso pessoal.

A defesa de Waldeck, alegando que ele usava o material aprendido para melhor dar aulas de tiro na Academia da Polícia Civil, conseguiu soltá-lo no último sábado, 24 horas após o flagrante.

Sobre Jorge Luís da Silva, a informação é a de que também está solto, mas não é policial.

Para se ter idéia do arsenal movimentado pelo bando, foram recolhidos pela polícia paraguaia, na “Casa Comando”, 228 pistolas calibre 9 milímetros, das marcas Luger e CZ, três fuzis metralhadores, um anti-aéreo de apoio AP Kool, duas metralhadoras Mini Usi, de calibre 9 milímetros, um fuzil 762, oito silenciadores, 120 carregadores para metralhadoras G-3 e FAL, além de 50 caixas de projéteis de 9 milímetros – no valor de R$ 1 milhão.

Conforme a PF de MS, o grupo vendia armas para facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e outras do Rio de Janeiro e São Paulo, mas não quer dizer que isso tenha ocorrido em Mato Grosso.

Devido ao afastamento de Waldeck, que é titular da Delegacia Metropolitana de Cuiabá, toma posse em seu lugar o delegado Pedro Frederico Antunes, titular do Cisc do Coxipó, que, por sua vez, será substituído por Elias Miguel Daher.

O advogado de Waldeck, Ricardo Monteiro, informa que seu cliente nega as acusações e fala hoje com a imprensa.

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Parmenas Alt
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