A Polícia Federal desencadeou a Operação 334 (alusão ao artigo 334 do Código Penal, que tipifica o crime de contrabando e descaminho), visando desarticular quadrilhas que atuam nos estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Minas Gerais com o contrabando e descaminho, além de tráfico de drogas, e produtos oriundos do Paraguai.
Após 10 meses de investigação coordenada pela Delegacia de Polícia Federal em Ponta Porã, sediada na fronteira com o Paraguai, a PF cumpriu 15 mandados de busca e apreensão, 14 mandados de prisão e 19 indiciamentos em três estados (MS, MT e MG). Entre os envolvidos estão um Policial Rodoviário Federal e um cidadão paraguaio, além de comerciantes e pessoas ligadas ao ramo de transporte. Os crimes imputados aos investigados são: formação de quadrilha, contrabando e descaminho, tráfico de drogas e associação para o tráfico, além de corrupção ativa e passiva e falsificação de documento.
Ao longo da investigação foram realizadas 12 grandes apreensões de contrabando, em sua maioria transportada em ônibus fretados para este fim, além de quatro apreensões de drogas, que totalizaram 52 kg de cocaína e 11 kg de maconha. Com o incremento da repressão ao contrabando na região de Foz do Iguaçu/PR e Ciudad del Leste, no Paraguai, houve um significativo aumento do contrabando na região de Ponta Porã, que passou a ser rota de grandes cargas de mercadorias ilegais que ingressam no país.
Nesse contexto agia a quadrilha investigada pela Operação 334, com suas três vertentes. Em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, no Paraguai, o investigado J.C.D., proprietário de um hotel no país vizinho, junto com seus comparsas, organizava a aquisição do contrabando e garantia o seu transporte seguro pelas rodovias brasileiras, já que contava com o apoio de um Policial Rodoviário Federal. Quase todas as apreensões realizadas ao longo da operação ocorreram nos dias de plantão do referido policial na BR-463, no Mato Grosso do Sul.
Junto ao policial atuava seu irmão e sócio em uma revendedora de carros em Dourados/MS. A mesma cidade servia de entreposto para o transporte das cargas, já tendo sido flagrada a ocultação de tais mercadorias contrabandeadas na sede de uma transportadora, que misturava os bens ilegais com outras cargas para serem transportadas até Mato Grosso.
Naquele estado, comerciantes recebiam as cargas e a revendiam em suas lojas e no camelódromo da capital e na cidade de Sinop, no Mato Grosso.