A Polícia Federal (PF) cumpriu sete mandados de prisão em São Paulo na manhã desta quarta-feira (4) durante a Operação Ressonância, desdobramento da Fatura Exposta, que mira esquemas de corrupção envolvendo gigantes multinacionais na Secretaria Estadual de Saúde do Rio. Delatores dão conta de que havia um “clube do pregão internacional”, e que as fraudes prosperaram entre 1996 e 2007.
Agentes da PF estavam em endereços na Vila Ipojuca, Zona Oeste de São Paulo, e na sede da Philips, em Barueri, na Grande São Paulo. Dois executivos da empresa foram alvos da ação.
Entre os presos está o ex-executivo da Philips e atual CEO da General Electric (GE) na América Latina, Daurio Speranzini Jr. A prisão ocorreu por causa da atuação dele na Philips. A TV Globo procurou a GE às 12h25 e aguardava retorno. Todos os detidos seriam transferidos para o Rio.
A ação da força-tarefa da Lava Jato também expediu mandados de prisão no Rio.
Em nota, a Philips informa que “ainda não teve acesso ao processo, no entanto, está cooperando com as autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos quanto às alegações apresentadas, que datam de muitos anos atrás”.
“Os atuais líderes executivos da Philips não são parte da ação da Polícia Federal; um colaborador da equipe de vendas da Philips foi conduzido para prestar esclarecimentos. A política da Philips é realizar negócios de acordo com todas as leis, regras e regulamentos aplicáveis. Quaisquer investigações sobre possíveis violações dessas leis são tratadas muito seriamente pela empresa”, conclui o comunicado.
A defesa dos demais envolvidos também está sendo procurada para esclarecimentos.
De acordo com a PF, apenas um mandado não foi cumprido porque, segundo os agentes, o alvo está fora do país.
Resumo
- São 13 mandados de prisão preventiva e 9 de temporária expedidos pelo juiz Marcelo Bretas;
- Dos oito enviados para São Paulo, sete foram cumpridos;
- Há 43 mandados de busca e apreensão;
- Cerca de 180 policiais federais estão nas ruas dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba, Minas Gerais e no Distrito Federal;
- Soltos por Gilmar Mendes, os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita têm contra si novos mandados de prisão;
- Sérgio Côrtes, secretário de Saúde de Sérgio Cabral preso com Iskin e Estellita, é intimado a depor;
- Os conglomerados atraíram empresas fornecedoras e formaram cartel para direcionar as compras de equipamentos médicos. Para tal, agiam para manter a direção no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into);
- O esquema duraria até hoje e não foi interrompido nem com a prisão do trio.
Operação
Desta vez, o Ministério Público Federal (MPF) se debruça sobre grandes multinacionais fornecedoras de material hospitalar, envolvidas em fraudes em licitação e formação de cartel. O empresário Miguel Iskin, preso na primeira fase e solto meses depois por Gilmar Mendes, é um dos alvos.
Na primeira etapa da Fatura Exposta, em abril de 2017, foram presos Sérgio Côrtes, ex-secretário de Saúde do governo Sérgio Cabral, e os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita. A operação investigava fraudes em licitações para o fornecimento de próteses para o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into). Os desvios chegaram a R$ 300 milhões entre 2016 e 2017.
Em dezembro de 2017, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou soltar Iskin e Estellita. Mendes substituiu a prisão preventiva por medidas alternativas – não falar com outros investigados, ficar em casa à noite e nos fins de semana e entregar o passaporte.
Em fevereiro de 2018, foi a vez de Côrtes deixar a prisão, também por determinação de Gilmar Mendes.
G1