A Petrobras informou que vai adotar a partir desta quinta-feira (6) um mecanismo de proteção financeira (conhecido como hedge) que permitirá aumentar os intervalos de reajustes nos preços da gasolina nas refinarias em até 15 dias. O objetivo é dar mais flexibilidade a sua política de preços.
A estatal vinha adotando, desde 3 de julho do ano passado, reajustes quase diários no valor do combustível, com base sobretudo no mercado internacional e no câmbio. Há dois dias, a gasolina atingiu novo preço recorde nas refinarias.
Segundo a petroleira, esse mecanismo de hedge dará a opção de mudar a frequência dos reajustes diários no mercado interno, “podendo até mantê-lo estável por curtos períodos de tempo, de até 15 dias”.
“Isso não altera a nossa política de preços com relação a sempre buscar a paridade de preços”, afirmou Rafael Grisolia, diretor financeiro da companhia.
Entenda o hedge
O hedge é um contrato financeiro que dá o direito de comprar ou vender um ativo no futuro por um valor combinado previamente. É uma espécie de seguro que protege a empresa de bruscas variações do mercado.
Ele é muito usado por empresas que têm custos ou receitas em moeda estrangeira, como exportadoras e importadoras. No caso da Petrobras, ele será aplicado sobre as cotações da gasolina no mercado futuro dos Estados Unidos. Segundo Grisolia, o mecanismo já está valendo.
Petrobras fará hedge em períodos de volatilidade
Segundo a estatal, o mecanismo de hedge será opcional, aplicado por até 15 dias, e permitirá à empresa obter um resultado financeiro equivalente ao da prática de reajustes diários. O hegde será feito com base no mercado futuro de gasolina e petróleo.
A petroleira recorrerá ao hedge em momentos de alta volatilidade nos preços. “Tem questões nos combustíveis que são estruturais, que você tem uma tendência, e tem outras, como a questão dos furacões [nos EUA], que aumentam a volatilidade”.
Rafael Grisolia, diretor financeiro da Petrobras, e Jorge Celestino, diretor de Refino e Gás Natural. (Foto: Daniel Silveira/G1)
Ao final [dos 15 dias], o resultado “vai ser idêntico” ao que seria caso mantido o reajuste diário, enfatizou Grisolia. “A gente não consegue visualizar hoje fazer isso [hedge] por mais que 15 dias com a gasolina”.
A Petrobras informou também que continua em vigor a paridade internacional (PPI), assim como a correlação o preço da gasolina no mercado internacional e a taxa de câmbio.
Sobre uma possível revisão da política de preços da companhia, o diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino, afirmou que ela está mantida, mas que a medida a aperfeiçoa, uma “sofisticação” que torna a estatal mais competitiva.
“Aprendemos, estudamos e vimos que o uso dessa ferramenta de hedge traz os elementos que vão dar uma posição de competitividade para a companhia”, disse Celestino.
Questionado sobre o motivo de tal medida ter sido tomada agora, se teria relação com o cenário eleitoral ou com o aumento crescente do preço de combustível, Celestino disse tratar-se somente de uma “sofisticação” da política de precificação da companhia.
Medida pode ser estendida ao diesel
Grisolia destacou que o mecanismo de hedge para a gasolina vai servir como um “exercício” e que poderá ser estendido também para os preços do diesel.
A adoção da medida acontece dias após rumores de um possível retorno da greve dos caminhoneiros, que provocou paralisação de serviços e uma crise de desabastecimento em maio, afetando toda a economia.
Preços da gasolina bateram novo recorde
A estatal manteve nesta quinta-feira (6) o preço da gasolina nas refinarias em R$ 2,2069, novo valor recorde alcançado há dois dias. A decisão de repassar o aumento do valor da combustível cobrado pela Petrobras para o consumidor final é dos postos.
No acumulado em 1 mês, a alta nos preços nas refinarias das distribuidoras chegou a 13,38%.
Preço nos postos de combustível
O preço médio da gasolina nos postos de combustível terminou a semana passada a R$ 4,446, segundo pesaquisa da Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis (ANP), o que representa um aumento de 0,38% na comparação com os sete dias anteriores. Foi a primeira alta depois de cinco quedas seguidas.
No ano, o preço médio da gasolina já acumula alta de 8,5% – bem acima da inflação de 4,17% esperada para 2018.