A Polícia Federal vai encaminhar à Justiça Federal o relatório parcial sobre a investigação referente à negociação do dossiê da Planam que serviria para relacionar políticos do PSDB com a Máfia das Ambulâncias. O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, Daniel Lorenz, disse que o relatório demonstra o andamento das investigações feitas até este momento. A partir daí, será solicitada a ampliação do prazo para que a Polícia Federal conclua as investigações
O delegado responsável pelo inquérito, Diógenes Curado Filho, vai concluir o relatório e entregá-lo ao juiz Jefferson Schneider, da 2ª Vara Federal de Mato Grosso. “O relatório terá dados não conclusivos”, disse o superintendente.
Sem sigilo
Em entrevista coletiva concedida na Superintendência da Polícia Federal, Lorenz disse que o trabalho agora é para analisar as quebras de sigilos bancários e telefônico. O trabalho deve ser árduo já que há pelo menos 10 quebras de sigilo bancário e, em uma delas, foram constatados 200 mil lançamentos bancários. Com relação ao sigilo telefônico, a Polícia Federal requereu à justiça a quebra de 800 números.
Lorenz disse também que há “bons avanços” sobre a origem do dólar apreendido. Ele frisou que existe um caminho a ser seguido e que podem ser verificados outros crimes que foram cometidos referentes à entrada dos dólares no país. Essa descoberta pode levar a Polícia Federal a abrir outros inquéritos para apurar outros crimes. “Precisamos transferir o conhecimento que temos em provas. E isso é difícil”, disse Lorenz.
Pessoa “conhecida”
A Polícia Federal também constatou que em uma das quebras de sigilo telefônico há uma ligação para uma pessoa “muito conhecida”. O superintendente, alegando que o inquérito corre em segredo de justiça e que não poderia dar detalhes para não prejudicar as investigações, não disse quem seria essa pessoa. Ele ressaltou, no entanto, que a nova personagem não teve, até o momento, qualquer relação com o episódio da negociação do dossiê.
“Essa pessoa conhecida apareceu na análise, mas ainda não há a certeza sobre o envolvimento dela no caso”, disse Lorenz. A quebra de sigilo telefônico revela as ligações feitas entre os suspeitos de participação na negociação do dossiê dias antes das prisões de Valdebran Padilha e Gedimar Passos, no dia da prisão e nos dias seguintes. Essa pessoa “conhecida” recebeu o telefonema de algum integrante do esquema e depois retornou a ligação. O superintendente frisou que esse fato não compromete a nova personagem. “Se está vinculado [ao dossiê] ou não, só o tempo vai dizer”.
Telefone público
A quebra de sigilo telefônico também demonstra que os envolvidos receberam ligações de telefones públicos. A ligação, que ainda está em investigação, pode ser um mecanismo de segurança utilizado pelos envolvidos no caso do dossiê para evitar que as ligações fossem rastreadas. “Mas também pode ser, por exemplo, de uma empregada ligando para o patrão dizendo que o ônibus está em greve e que ela não tem como ir trabalhar”, argumentou o superintendente. O período em que a ligação foi feita, porém, leva a Polícia Federal a levantar a hipótese de que o telefonema do orelhão pode ser uma estratégia de desvirtuar a investigação.
Dinheiro de várias fontes
O dinheiro que seria utilizado para negociar o dossiê da empresa Planam pode ter saído de várias fontes. A Polícia Federal trabalha com essa possibilidade, inclusive sobre a participação de bicheiros no esquema. Lorenz explica que, como havia vários padrões de notas, existe a suspeita de que várias pessoas, fontes, providenciaram o dinheiro.
Lorenz acredita que o dinheiro em notas de menor valor, R$ 5 e R$ 10, teve fonte muito diferente dos dólares apreendidos. “Teve dinheiro miúdo e teve dólar, que nos induz a outro raciocínio. Parece-me que o dinheiro miúdo não saiu do sistema bancário”, concluiu.
fonte:mto
