Pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), José Orlando Tavares, palestrante da mesa redonda realizada na Assembleia Legislativa para discutir a redução das emissões de gases metano na pecuária, apresentou proposta de diminuição no tempo de pastagem do animal.
De acordo com o pesquisador, estudos comprovam que a quantidade de gases despejados na atmosfera com a emissão de metano pelo arroto ou flatulência do gado, contribui para as mudanças climáticas no mundo em função da pecuária brasileira responder por cerca de 20% das emissões totais de gases do país.
A solução seria a redução no tempo de pastagem do animal. “É um gás natural, que não produz artificialmente, por isso seria interessante diminuir a permanência na pastagem. Outra estratégia interessante seria a certificação da carne com estas diminuições, remunerando os produtores”, argumentou.
José Orlando apresentou números significativos das emissões dos gases metano na pecuária. “Um animal produz por ano, o equivalente ao motor de uma carreta funcionando por 10 horas. Como em Mato Grosso, existem 30 milhões de gado, e cada um produz 150 gramas por dia, um animal contabiliza 56 quilos anualmente de gás metano, o equivalente a uma carreta se deslocando de Cuiabá à Goiânia”, explicou.
Para o presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (PSD), que presidiu a reunião requerida pelo deputado estadual Dilmar Dal Bosco (DEM), é necessário entender melhor sobre o meio ambiente e iniciar este trabalho na escola. “Campanhas de conscientização desde o maternal devem ser promovidas, inserir o meio ambiente na educação, pois muita gente não tem conhecimento sobre o gás metano. O debate deve ser investido, a disciplina de direito ambiental deve ser implantada para ensinar boas práticas. O Governo do Estado também precisa abraçar esta causa”, argumentou.
Riva ainda lembrou que o debate é fundamental para o desenvolvimento sustentável. “Mato Grosso precisa estar inserido nestas discussões, pois com a implementação de políticas públicas, podemos reduzir as emissões de gases metanos por meio da pecuária. São medidas importantes para a preservação do meio ambiente, mas que precisam ser amplamente estudadas”, sustentou o presidente da Casa de Leis.
ENTIDADES – Para o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, o assunto deve ser tratado com maior embasamento técnico. “É injusto dizer que o boi é o grande responsável pelo aquecimento global, pois todos nós somos culpados. Precisamos analisar a questão, com melhor embasamento, sem caracterizar produtores ou ambientalistas”, avaliou.
Vacari revelou que a Acrimat contratou no ano passado, um especialista para realizar um estudo sobre o assunto, pois a entidade acredita que os dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), são controversos. “Discussões como esta são interessantes, pois podemos ressaltar nosso pensamento de que é preciso ter um maior embasamento técnico. Estamos fazendo um trabalho, coletando amostra em 24 fazendas de todo o Estado, em todos os biomas, para ter uma fundamentação. Vamos apresentar os dados para o Governo do Estado e Poder Legislativo, assim que for concluído”.
Representante da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso (Famato) no evento, o diretor-executivo da entidade, Seneri Paludo, lembrou que é necessário contextualizar e depois analisar se esta emissão na pecuária é nociva ou não. “Estamos discutindo para melhorar as técnicas agropecuárias, quando somos chamados para discutir ações, queremos participar. Após contextualizar, é necessário fazer o levantamento do inventário, se ficar constatado, devemos avaliar o que deve ser feito para resolver o problema das emissões”, sustentou.
REGULAMENTAÇÃO – O projeto de lei n° 750/2001, apresentado pelas lideranças partidárias, propõe que o poder público adote políticas públicas objetivando a redução de emissões de gases metano pela pecuária e constitui estratégias de redução a serem implementadas.