Nos últimos anos, a população brasileira tem dormido sob os efeitos de um escândalo e sempre acorda com outro flagrante de corrupção envolvendo empresários, funcionários de órgãos do governo e autoridades do Poder Público. A sucessão de casos está levando os brasileiros ao total descrédito nas instituições.
Pesquisa divulgada pela Universidade de Brasília (UnB) revela que 88,4% da população não confia na classe política nem no sistema judiciário. O estudo, realizado em abril deste ano na capital federal, mostra que a classe política é mais desacreditada que, por exemplo, o jogo ilegal.
Dos 1.283 entrevistados, 22,7% confiam nas apostas feitas em redutos considerados fora-da-lei, enquanto apenas 19,9% têm confiança no Congresso. Como se não bastasse isso, a maioria considera que existem políticos mentirosos, picaretas e até criminosos. Menos de 3% acreditam na integridade de seus representantes.
As perguntas da sondagem foram feitas em Brasília, com homens e mulheres de todas as idades, de diferentes níveis de escolaridade, rendas e ocupações. Segundo o professor Ricardo Caldas, coordenador de graduação do Instituto de Ciência Política da UnB, o levantamento demonstra a descrença da população em relação às instituições políticas.
Apesar de 70,6% acreditarem na existência da democracia no País, 74,7% das pessoas responderam que a classe política não representa o povo. As razões alegadas foram corrupção (28,04%), falta de compromisso (23,78%), defesa de interesses próprios (19,36%), deficiências do sistema político-eleitoral (11,28%) e a falta de ideologia ou valores (8,42%).
Já em relação às características que melhor descrevem os políticos em geral, a população não perdoou: 7,4% dos participantes do estudo acreditam que os políticos são experientes; 3,1% acham que eles são educados; e apenas 2,8% acreditam que os políticos sejam éticos e honestos.
A Justiça brasileira também não escapa da desconfiança da população: 50,5% não confiam no Poder Judiciário, enquanto 58,5% acreditam nas Forças Armadas. Quanto às profissões citadas na pesquisa – médico, engenheiro, professor, bombeiro e juiz, entre outras – as mais credíveis são bombeiro (32,6%), professor (26,1%) e médico (20,9%). O governo federal também não foi poupado pelos entrevistados na sondagem. Cerca de 60% das pessoas admitiram não confiar na atuação do Executivo.
Para finalizar, os pesquisadores perguntaram aos participantes sobre o sistema eleitoral do País. A maioria esmagadora (90,3%) acredita que o Brasil precisa de uma reforma política, sendo que 52,5% são contra o financiamento público de campanhas.
O voto obrigatório também é criticado pelos entrevistados: 68,8% deles são a favor do voto facultativo. Porém, 23,9% não escolheriam os seus representantes, caso fosse opcional.
FU
Carlos Antonio
