Dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelam que 67% dos consumidores brasileiros não conseguiram guardar nenhuma parte de seus rendimentos no último mês de agosto – o percentual é ainda maior considerando as pessoas das classes C, D e E (71%). Já entre as pessoas de renda mais alta (classes A e B), o percentual de não-poupadores é de 54%, um dado expressivo e que revela que o hábito de poupança não é frequente mesmo entre pessoas que recebem um salário maior.
Em agosto passado, apenas 22% dos entrevistados foram capazes de poupar ao menos parte do salário, sendo que cada poupador guardou em média, R$ 546,61. O baixo número de poupadores tem se mantido estável ao longo da série histórica, sendo que em agosto de 2018 girava em torno de 16%.
Entre os brasileiros que não pouparam nenhum centavo, 40% justificam possuir uma renda muito baixa, o que inviabiliza ter sobras no fim do mês. Outros 18% foram surpreendidos por algum imprevisto financeiro, 15% fizeram gastos extras atípicos com reformas, tratamentos médicos e compras, por exemplo e 13% reconhecem ter perdido o controle sobre os próprios gastos.
*61% dos poupadores guardam dinheiro para lidar com imprevistos e 42% tiveram de sacar ao menos parte do dinheiro em agosto*
O levantamento ainda mostra que a maior parte dos poupadores busca proteger-se contra imprevistos como doenças, morte de entes ou mesmo o desemprego (61%). Há também 42% que poupam pensando em garantir um futuro melhor para a família, 16% que poupam com o intuito de comprar a casa própria e 14% que citam a intenção de abrir um negócio. A reserva financeira com foco na aposentadoria foi citada apenas por 16% dos entrevistados.
Entre os que poupam, 42% tiveram de sacar ao menos parte desses recursos em agosto, principalmente para pagar contas do dia a dia (32%), quitas dívidas (30%) e lidar com imprevistos (26%).
A velha poupança lidera ranking de investimentos do brasileiro; 33% citam facilidade de resgate e 21% acreditam não ter dinheiro suficiente para diversificar aplicações
O levantamento ainda revela que o principal destino do dinheiro poupado pelos brasileiros continua sendo a velha caderneta de poupança, citada por 66% dos entrevistados. Também chama a atenção o fato de que 21% deixam a quantia parada na conta corrente e 18% guardam dinheiro em casa. Outras modalidades mais sofisticadas como o tesouro direto e CDBs foram citados por 11% e 9%, respectivamente.
De acordo com a pesquisa, entre aqueles que optam pela poupança, guardar dinheiro em casa ou na conta corrente, 33% garantem que o fazem pela facilidade de sacar o dinheiro a qualquer momento. Já 21% alegam não ter dinheiro suficiente para investir em outras modalidades e 19% citam a questão do hábito no uso das opções mais tradicionais. Além desses, 16% têm medo de perder o valor aplicado e 11% alegam não ter conhecimento suficiente para investir.
Para o superintendente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Cuiabá), Fábio Granja, o motivo principal dos brasileiros não conseguirem poupar dinheiro é a falta de hábito. “Com base em vários estudos com o tema, digo que em sua grande maioria, a nossa população não tem o hábito de fazer uma poupança e de se preocupar em ter uma reserva financeira. O brasileiro está acostumado a fazer aquele velho e jeitoso aperto no final do mês para conseguir pagar as contas e/ou escolher qual delas vai pagar e quais vão ficar para o mês seguinte”.
Granja acrescenta ainda que apesar de considerar a falta de costume de se fazer uma poupança como o motivo principal dessa estatística, a crise econômica também tem seu papel nesse resultado. “Temos também a taxa elevada de desocupação, os juros elevados nas contas do dia a dia, a falta de crédito, entre outros fatores que contribuem”, lembra ele.