O ministro das Relações Exteriores do Peru, José García Belaunde, disse que entregou ao governo chileno provas de que um militar peruano teria espionado o país para o Chile.
O chanceler peruano exigiu que o Chile “estabeleça um mecanismo de investigação para apurar a verdade” sobre as acusações contra o suboficial da Força Aérea peruana Víctor Ariza, preso no dia 30 de outubro. “Sabemos que os computadores que recebiam as informações estão em Santiago do Chile”, disse Belaunde.
O governo peruano disse que pedirá à Interpol que certifique a autenticidade das informações enviadas ao governo chileno, que nega as acusações.
O suposto caso de espionagem elevou a tensão entre os países vizinhos, que travaram uma guerra no final do século 19 e mantém uma disputa na fronteira marítima.
Presidentes
Na segunda-feira, o presidente peruano disse que “esses atos repulsivos não estão de acordo com um país democrático e deixam o Chile em uma posição ruim aos olhos do resto do mundo”.
Reagindo a essas declarações, nesta terça-feira a presidente chilena, Michelle Bachelet, disse que os comentários feitos por Garcia seriam “ofensivos e arrogantes”.
“As expressões que ouvimos ontem, que classificaria de ofensivas e arrogantes, não contribuem para a integração e colaboração que deveriam existir entre vizinhos”, disse ela.
“Acredito que esse é um momento, se realmente quisermos trabalhar para o bem estar de nossos povos, de respeito acima de tudo, assim como de responsabilidade das autoridades.”
Tensões
O ministro das Relações Exteriores do Chile, Mariano Fernández, também negou envolvimento do Santiago no caso, dizendo que “o governo chileno não pratica espionagem e não aceitamos acusações de parte nenhuma sobre esse assunto”.
“Investigamos minuciosamente qualquer possibilidade e posso lhes dizer, de forma responsável e bastante séria, que nenhuma instituição do Estado chileno possui funcionários ou práticas dedicadas a esse tipo de atividade”, afirmou.
Correspondentes dizem que as relações entre os dois países são marcadas por episódios de agravamento de tensões desde a guerra do final do século 19, na qual o Chile conquistou parte do território peruano.
No ano passado, o Peru entrou com um processo na Corte Internacional de Justiça de Haia, pedindo um maior acesso ao Oceano Pacífico.