O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu sinais hoje de apoio ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), alvo de um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética. Na posse do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, Lula pediu que se evite a execração pública das pessoas antes do julgamento delas.
Renan esteve a maior parte da cerimônia de posse de Souza ao lado de Lula. “Uma coisa que me inquieta como cidadão, que me inquieta no comportamento da Polícia Federal e que me inquieta no comportamento do Ministério Público: é muitas vezes não termos o cuidado de evitar que pessoas sejam execradas publicamente antes de serem julgadas”, disse Lula.
Antes disso, Lula disse que todos são inocentes até que se prove o contrário, num outro indicativo de apoio a Renan. “Eu sempre parto do pressuposto de que a democracia garante que todos são inocentes até prova em contrário. Todos precisam ter um julgamento feito com a maior lisura possível para que não se cometa nenhum erro de omissão e nenhum erro de exagero em qualquer uma das nossas instituições.”
Em seu discurso, Lula pediu mais cuidado na condução das investigações. “Não há nada pior para democracia que é alguém ser condenado, sem ter cometido crime. É tão grave quanto alguém ser absolvido e ter tido cometido crime”, afirmou.
Em seguida, Lula afirmou que a investigação isenta, doa a quem doer. “Daí o ponto de equilíbrio, o equilíbrio da Justiça, de fazer a boa e sensata investigação, doa a quem doer, mas ao mesmo tempo tendo consciência de que dos 190 milhões de brasileiros, do mais humilde que vive no anonimato até um presidente da República, todos têm que ter a chance de provar a sua inocência antes de serem condenados.”
Souza negou que tenha tomado a cobrança do presidente como uma advertência. Segundo ele, sempre teve os cuidados necessários na condução de investigações. “A preocupação para que as investigações sejam feitas é muito mais nossa”, disse Souza, informando que costuma ser “zeloso” nos trabalhos de investigação do MP.