Por conta própria, e com o objetivo de melhorar o trabalho realizado pelo setor de Balística da Perícia Oficial Criminal de Mato Grosso, o perito criminal Alfredo Jorge desenvolveu um Reversor de Camisa de Projétil, equipamento que auxilia a identificação da arma de onde partiu o disparo.
Funciona assim: quando uma arma é acionada, o revestimento (camisa) do projétil sofre as primeiras deformações, ainda no cano da arma, no momento do disparo. Em seguida, sofre as deformações causadas pelo impacto no corpo (humano ou rígido), que abre a ponta do projétil em formato similar ao de pétalas. Essas segundas deformações escondem, parcialmente, as primeiras.
Nos confrontos de balística, o procedimento de reversão do revestimento deformado no impacto com o corpo proporciona a ampliação do campo de análise da perícia, porque são as primeiras deformações, causadas pelo cano da arma de fogo, que indicam de qual arma o projétil partiu.
Com a utilização do equipamento, é possível recuperar praticamente toda a forma da camisa, identificando assim, com maior precisão, agilidade e qualidade, o tipo de arma de fogo e o calibre.
Doutor em Física pela Universidade de São Paulo (USP) e professor aposentado da UFMT, Jorge decidiu construir o equipamento a partir de uma conversa. “Durante uma perícia, conversando com um colega, ele falou que um outro perito havia comentado sobre uma forma de voltar as camisas de projéteis com orifícios em uma barra de tecnil. Comprei a ideia, pensei na forma que deveria dar ao equipamento e o produzi. A concepção foi dada completamente com recursos próprio e ajuda de amigos que possuem torno e cederam o torneiro para os serviços de moldagem e tornearia. Além destes, todo o case foi produzido em casa, nos horários noturnos e finais de semana”.
Segundo Jorge, durante as pesquisas para construção do equipamento, nenhuma informação de similares foi encontrada, tanto na internet, quando no meio comercial, nem no Brasil, nem no exterior. Isso significa que o Estado pode ser o precursor na utilização do recurso, que já proporciona resultados positivos à Gerência de Balística da Perícia Oficial de Identificação Técnica de Mato Grosso (Politec).
Para o presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais de Mato Grosso (Sindpeco/MT), Alisson Trindade, o equipamento desenvolvido por Jorge demonstra, mais uma vez, a qualidade e empenho dos profissionais da Perícia Oficial do estado. “Investindo na capacitação, nos espaços físicos e materiais necessários ao nosso trabalho, não só o Estado, mas toda a população tende a ganhar, com perícias cada vez mais precisas para o esclarecimento de crimes”, afirmou Trindade.