As perdas dos frigoríficos nos quatro meses de embargo imposto pela Rússia e União Européia à compra da carne in natura mato-grossense já alcançam a cifra de US$ 223 milhões desde o dia 1 de fevereiro, segundo levantamento divulgado ontem pelo Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado (Sindifrigo). O embargo russo durou quatro meses – de 1º de fevereiro a 30 de maio –, enquanto a União Européia ainda mantêm restrições ao mercado, com uma lista reduzida de propriedades autorizadas a exportar para aquele bloco.
Só para o mercado russo – o grande parceiro comercial de Mato Grosso nesta área – Mato Grosso teria deixado de faturar o equivalente a US$ 149 milhões neste período. Levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio aponta que no mês de janeiro deste ano Mato Grosso exportou para a Rússia o montante de US$ 37,24 milhões, totalizando 12,65 mil toneladas. Somados, os estoques que seriam exportados no período de fevereiro a maio chegariam a 50,6 mil toneladas.
Para a União Européia, as perdas até o dia 31 de maio somam US$ 74 milhões, considerando a média mensal de US$ 18,5 milhões.
A Rússia é atualmente o maior mercado consumidor da carne mato-grossense, tanto para a bovina quanto suína.
As vendas aos russos estavam suspensas desde fevereiro deste ano, após o surgimento de casos da doença estomatite vesicular em animais no município de Cocalinho (923 quilômetros a Leste de Cuiabá). Por conta da ocorrência, Mato Grosso ficou durante quatro meses impedido de produzir e certificar carne bovina in natura à Rússia.
De acordo com o assessor econômico da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), Carlos Vitor Timo Ribeiro, os russos são os parceiros mais importantes que o Estado tem. Para mostrar o peso russo sobre o complexo carnes, o economista lembra que em 2007 a Rússia foi responsável pela compra de 36% dos volumes físicos de carne bovina exportados pelo Estado, (US$ 186 milhões), consumiu 78% da carne suína (US$ 43 milhões) e 14% das aves (US$ 15 milhões).
Diante desses números é possível avaliar o impacto que o embargo exerceu sobre a pauta. Comparando o realizado entre o primeiro quadrimestre de 2007 (sem embargo) com o mesmo período de 2008 (com embargo), houve queda de 40% nas exportações de carne bovina para aquele mercado, redução de 63% nas vendas de carnes suínas e recuo de 22% no consumo de aves.
Para o consultor em pecuária da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Luiz Carlos Meister, a reabertura deste importante mercado consumidor fará com que haja recuperação nos volumes exportados à Rússia e trará ainda impacto positivo na valorização da arroba, “assegurando a tendência de alta, pois as variações positivas estão sendo registradas semanalmente”.
“A indústria frigorífica de Mato Grosso avalia como muito importante os mercados russo e europeu, por isso todos procuraram se adequar às novas exigências daqueles blocos. Estamos confiantes de que a retomada plena das exportações para aqueles mercados é só uma questão de tempo mesmo”, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Estado (Sindifrigo), Luiz Antônio Freitas Martins.
O presidente da Associação dos Produtores Rurais (APR), Ricardo Borges Castro Cunha, também diz estar “otimista e confiante” com a liberação do mercado russo para a compra da carne mato-grossense. “A abertura deste mercado é muito importante para nós e é um estímulo à cadeia pecuária do Estado”, disse ele.