Ao contrário do que muita gente poderia imaginar, a suspensão da inclusão de novas fazendas na base nacional de dados do Serviço Brasileiro de Rastreabilidade do Rebanho Bovino (Sisbov), visando a exportação de carne in natura para a União Européia, foi aplaudida pelo setor pecuarista de Mato Grosso. Os produtores entendem que ao suspender a liberação de novas fazendas na lista da UE, o governo federal está dando um “prazo extra” para que as propriedades rurais e as certificadoras se ajustem às normas da rastreabilidade. A decisão foi anunciada na terça-feira pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Inácio Kroetz.
“Foi uma atitude prudente e sensata da União”, disse ontem o superintendente técnico da Associação dos Criadores do Estado (Acrimat), Luiz Henrique Vargas. “De fato precisamos arrumar a casa primeiro para depois sermos avaliados pelos organismos internacionais”, acrescentou. Vargas afirmou que “ajustes precisam ser feitos nas fazendas e nas certificadoras, para que não haja rejeição da União Européia.
Na opinião do diretor executivo da Associação dos Proprietários Rurais do Estado de Mato Grosso (APR/MT), Paulo Resende, a decisão foi “acertada e coerente diante desta parafernália que envolve o Sisbov e que já trouxe desgaste à cadeia pecuária”.
Ele acredita que com a suspensão da liberação de novas fazendas, os produtores e as certificadoras terão um “tempo a mais” para corrigir as falhas. “O setor, na realidade, precisa deste prazo para se ajustar e se adequar a todas às exigências, que em alguns pontos são rigorosas até demais”.
Paulo Resende acredita que um prazo de 90 dias seria necessário para o setor cumprir o “check-list” de 20 itens exigidos pela União Européia, que vão desde os cuidados com o animal no seu nascimento até o processo de vacinação, identificação e colocação dos brincos.
O Sisbov prevê um rigoroso controle de certificação do rebanho, que envolve a identificação dos animais, bem como o seu registro por um período mínimo de 90 dias na base nacional de dados do Mapa.
EXIGÊNCIA – A rastreabilidade é um conjunto de ações, medidas e procedimentos adotados para caracterizar a origem, o estado sanitário, a produção e a produtividade da pecuária nacional e a segurança dos alimentos provenientes da pecuária. Contudo, as normas do Sisbov são obrigatórias somente para o gado destinado à União Européia.
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