Parlamentares reagiram à declaração dada mais cedo pelo Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Mello, que desafiou qualquer integrante da Câmara e do Senado a trocar seu salário pelo dele. Todos concordam que aumento de mais de 90% é exagerado, mas afirmam que o desafio do ministro foi colocado de forma indevida.
“O que o ministro disse procede, mas eu acharia melhor que ele não tivesse feito o desafio em nome das harmonias dos poderes”, disse o senador Jefferson Peres (PDT-AM).
O líder do PFL, José Agripino Maia (RN), apesar de dizer que preferia não entrar na discussão, afirmou: “duvido que um homem inteligente como o Marco Aurélio faria um desafio como este aos parlamentares”.
A declaração do presidente do TSE foi feita durante aula inaugural de uma faculdade em São Paulo. “Faço um desafio: troco o que ganho pelo que ganha um deputado e um senador”, disse Marco Aurélio Mello. “Vamos colocar no lápis as vantagens dos parlamentares. Se as vantagens não forem três vezes maiores do que recebe um ministro do STF, eu deixo a cadeira que tenho no Judiciário”, continuou o ministro.
Apesar de discordar do desafio feito pelo Presidente do TSE, hoje, o discurso dos senadores é de que o salário deve ser feito apenas de acordo com a inflação. “A minha posição pessoal é de que o rejuste deve ser no máximo de acordo com a inflação”, disse Agripino.
“Somando tudo que nós ganhamos dá mais do que qualquer ministro do STF (Superior Tribunal Federal)”, completou Peres.
Atualmente, os ministros do STF recebem R4 24,5mil por mês, enquanto deputados e senadores ganham R$ 12,8 mil, mais todos os benefícios, como verba indenizatória, verba de gabinete, que pode elevar os recebimentos para mais de R$ 50 mil.
Na última legislatura, os parlamentares chegaram a aprovar os seus próprios salários em mais de 90%, equiparando ao teto do Judiciário. O reajuste, no entanto, foi barrado pelo STF.
Nesta segunda-feira, antes das declarações de Marco Aurélio, o novo presidente da Câmara dos deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), recuou de sua posição e disse que a questão agora não seria uma prioridade na pauta da casa.
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