Parlamentares bolivianos de oposiçõ viajaram para Rio Branco, capital do Acre, para investigar a carga do avião militar venezuelano que aterrissou ali depois que manifestantes contrários ao presidente Evo Morales o apedrejaram.
O partido Poder Democrático e Social confirmou a viagem de seus senadores Paulo Bravo e Roger Pinto, e seu deputado Ronald Camargo, que se encontrarão em Rio Branco com legisladores e policiais do Acre.
A oposição boliviana alegou que o avião transportava armas, acusação que foi negada pelo governo. A aeronave foi obrigada a pousar em Rio Branco, no Acre, na última quinta.
O avião, um Hércules da Força Aérea venezuelana, foi interceptado por militares brasileiros.
O parlamentar informou que o aparelho está sendo requisitado para uma perícia em que serão determinados o número de militares, as armas que levava e se tinha autorização de vôo, segundo assinala nesta sexta-feira o jornal El Deber, de Santa Cruz.
Pinto anunciou que nas próximas horas viajará a Rio Branco com outro de seus colegas para conhecer a carga que o avião transportava.
O ex-presidente boliviano Jorge Quiroga, da oposição, pediu ao governo brasileiro que informe a carga do avião.
“Pedimos ao Brasil que não os protejam, que investiguem por que militares venezuelanos entraram na Bolívia e se eles traziam armas”, afirmou.
A versão de que o avião levava armas foi negada nesta sexta pelo ministro do governo, Alfredo Rada, dizendo que a denúncia “é um absurdo e que a oposição, por falta de insultos, está tentando gerar um clima de confrontação”.
O incidente ocorreu num momento em que o presidente Evo Morales, firme aliado ideológico do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mantém um forte confronto com partidos e organizações civis de direita opostos a sua gestão.
Gritando palavras como “Basta de intromissão!”, a multidão, encabeçada por organizações civis de direita contrárias ao presidente de esquerda e integrada em maioria por jovens, jogou pedras contra o avião venezuelano que havia aterrissado para reabastecer.
Evo se desculpa por agressão
O presidente se desculpou pela “agressão” contra o avião militar e denunciou a existência de “uma estrutura internacional para agredir, para provocar as democracias libertadoras revolucionárias”.
“Quero pedir em nome do governo boliviano desculpas ao governo venezuelano por esta agressão de um grupo de bolivianos que não apostam na pátria grande”, disse Evo à rede de televisão Telesur.
Uma fonte do serviço boliviano de aeronavegação, que pediu para não ter o nome revelado, confirmou à AFP que se trata de um Hércules de matrícula 9508 pertencente à Força Aérea Venezuelana.
Ele confirmou que o avião se dirigia originalmente à cidade brasileira de Rio Branco; mas, não tendo obtido, por motivos não divulgados, autorização para o pouso, seguiu para Riberalta, cidade do departamento Beni, na fronteira com o Brasil.
Manifestações de apoio a Evo
Várias mobilizações em diferentes regiões da Bolívia, entre elas Cochabamba e Santa Cruz, apoiaram as políticas do presidente Evo Morales na última quinta. Houve manifestações simultâneas nas duas cidades, e também em La Paz, Oruro e Potosí, segundo a imprensa boliviana.
Em Cochabamba, uma grande manifestação apoiou a nova Constituição proposta pelo partido governista, o Movimento Ao Socialismo (MAS), e uma lei para pagar um bônus aos idosos, financiado por um corte da renda que as regiões recebem pela exploração de petróleo.
O canal estatal de TV mostrou a praça principal de Cochabamba com milhares de camponeses, em sua maioria produtores de folha de coca.
Eles queimaram bonecos que simbolizavam os governadores e dirigentes de oposição.
Com informações da EFE e da France Press