Centenas de sírios se reuniram em um campo de refugiados improvisado em um pomar de ameixa perto da fronteira com a Turquia em 15 de junho, cada vez mais ansiosos depois que as forças de segurança sírias atacaram duas cidades próximas.
Os ataques contra as cidades de Shighr e Armala, a poucos quilômetros de distância, demonstram que as forças de segurança estão avançando para mais perto da fronteira com a Turquia, que está cheia de assentamentos de refugiados similares aos aglomerados de barracas e carros nos campos e pomares de Khirbet al-Jouz.
Forças sírias entraram nas duas cidades agrícolas abrindo fogo nas ruas e forçando ainda mais pessoas a procurar segurança na fronteira com a Turquia, ou perto dela, de acordo com os moradores locais e ativistas de direitos humanos.
As autoridades turcas dizem ter recebido quase 11 mil refugiados desde que os combates começaram na província de Idlib há cerca de duas semanas.
Muitos Khirbet al-Jouz, localizado no inquieto noroeste do país, temem que as forças leais ao presidente Bashar al-Assad continuem avançando em direção à fronteira; áreas mais próximas a ela se tornaram um refúgio seguro desde que a violência eclodiu na região.
Abu Mohamed, 30, fugiu de Jisr al-Shughour quando os militares atacaram a cidade em 10 de junho. Entre 4 e 5 de junho desertores militares, facções armadas contra o governo ou uma mistura de ambos lutaram com as forças de segurança presentes no local.
“Eles não precisam vir para o vale para nos matar, eles podem atirar de cima do morro”, disse sobre o Exército sírio. “Eles queimaram todos os nossos campos, nossos animais foram mortos e as mulheres estupradas. Eles fazem de tudo.”
Conforme o pôr do sol se aproximava, um aviso foi dado de um alto-falante em cima da mesquita na aldeia de Khirbet al-Jouz, e atravessou o campo, sendo ouvido no acampamento. O Exército estava se aproximando, disse um líder de oração, e as pessoas deviam se preparar.
“A cada dia eles chegam mais perto e tenho medo que vão chegar em breve”, disse Mohamed Ahmed, 28, que fugiu da cidade de Armala com sua família. As forças de segurança atacaram com helicópteros, veículos blindados e metralhadoras, disse ele, relatando a destruição de sua casa, enquanto fumava um cigarro na frente de uma barraca.
“Eles querem se livrar de tudo o que está aqui”, disse, apontando para o assentamento em torno dele. “Eles querem enterrá-lo.”