O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que a trajetória do rendimento das cadernetas de poupança não pode ser diferente das demais aplicações disponíveis no sistema financeiro. Segundo ele, com a queda na taxa básica de juros, Selic, todos os fundos de investimentos têm tido redução na rentabilidade e esse movimento também deve ser seguido pela caderneta de poupança.
Por isso, conforme o ministro, há alguns meses o governo promoveu uma alteração na fórmula da Taxa Referencial (TR) que “diminuiu um pouco” o rendimento pago pela caderneta que, segundo ele, ainda continua bastante atraente tanto que a captação tem crescido fortemente.
Para o ministro, se a poupança se mantém no mesmo nível de rentabilidade enquanto as demais aplicações estão em queda há um risco de migração em massa que descaracterizaria o perfil desse produto, voltado para o pequeno investidor e que tem uma característica mais conservadora. Ele disse ainda que não é desejável que as aplicações financeiras como um todo sejam altamente remuneradas porque isso inibe a produção. “O país que paga altos rendimentos não investe na produção”, disse.
O ministro destacou o crescimento do mercado de capitais que, segundo ele, pode chegar a um volume de R$ 180 bilhões a R$ 200 bilhões em captação neste ano. Esse segmento, disse, é importante para ajudar a reduzir os spreads e os custos da intermediação financeira.
Spread bancário
Mantega disse que o que o spread (é a diferença entre o que as instituições financeiras pagam para captar recursos e as taxas cobradas nos empréstimos) bancário do Brasil é um dos maiores do mundo. “Este é um problema a ser equacionado”, disse. Ele citou como medidas já adotadas pelo governo para gerar uma queda de spread a criação da conta salário e a proposta de criação do cadastro positivo, que está em tramitação no Congresso.
Ele também destacou que a inadimplência tem um peso de 34% sobre a formação do spread bancário. “Imagina-se que o Brasil tenha uma inadimplência alta”, disse. Entretanto, ele afirmou que a inadimplência no País está num patamar razoável e com tendência de queda no longo prazo.
Mantega também ressaltou que os custos administrativos dos bancos têm um peso acima de 20%. Para ele, é necessário nesse caso que as instituições façam um esforço para diminuir os seus custos. O ministro também comentou que o peso dos impostos sobre o spread é de 17% e dos compulsórios (instrumento usado para regular a oferta da moeda e do crédito)de 7%. No caso dos impostos, ele destacou que o porcentual demonstra que não é correto dizer que o spread é alto por causa da cunha fiscal.
O ministro afirmou que o governo tem obrigação de cobrar impostos do setor financeiro. Segundo ele, é com os recursos dos impostos que o governo consegue realizar obras sociais e outras despesas. O ministro destacou que o crédito com desconto em folha deu uma ajuda adicional para a redução do spread por ser uma operação mais segura para os bancos.
Mantega participa de audiência na Comissão de Defesa do Consumidor, na Câmara dos Deputados, para discutir os spreads e as tarifas bancárias.