quinta-feira, 07/11/2024
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Para inovar, empresas têm que confrontar a acomodação

Questionamento, disposição ao risco, abertura, paciência e confiança. Estes são os valores essenciais para estimular a inovação, segundo Judy Estrin, autora do livro “Estreitando a Lacuna da Inovação”, lançado no Brasil no mês passado pela editora DVS. A publicação, resultado de entrevistas com mais de 100 cientistas, engenheiros, empresários, investidores e pesquisadores, conta também com a experiência de Judy, que integra os conselhos de administração da Walt Disney e da FedEx, além de fazer parte do comitê consultivo de Ciência e Inovação da Universidade da Califórnia, nos EUA.

De acordo com a americana, é papel dos líderes incentivar a curiosidade e o questionamento em uma empresa. “Sem a abertura para questionar, colaborar ou avaliar novas ideias, a inovação não pode prosperar”, diz Judy em entrevista ao iG. Do outro lado, os funcionários devem “acordar todo dia e se perguntar como eles podem fazer algo melhor”, afirma.

Confira a íntegra da entrevista de Judy Estrin:

iG: Quais são os princípios fundamentais para estimular a inovação no ambiente empresarial?
Judy Estrin: No meu livro, eu falo sobre cinco valores essenciais que trabalham em conjunto para dar suporte para uma cultura de inovação em uma empresa. Esses valores são: questionamento, risco, abertura, paciência e confiança. Os líderes precisam incentivar a curiosidade e o questionamento do status quo, a auto-avaliação periódica é muito importante para permitir a mudança. O risco – como a falha é tratada – é crucial para que as pessoas acreditem se é possível ou não tentar coisas novas. Aprender com o fracasso é um elemento fundamental na inovação. Sem a abertura para questionar, colaborar ou avaliar novas ideias, a inovação não pode prosperar. Dependendo do tipo de inovação, ela pode requerer várias tentativas para encontrar o caminho certo. Sendo assim, a paciência por parte dos inovadores, líderes e financiadores é fundamental. Por último, sem confiança é difícil as pessoas serem abertas, dispostas a questionar ou assumir riscos.

iG: Em sua carreira, alguma vez a senhora já perdeu a oportunidade de inovar pela falta de algum desses princípios?
Judy: Eu desenvolvi esses princípios por meio de minhas próprias experiências em ambientes que eram altamente estimulantes da inovação e em outros que simplesmente a sufocavam, mas também em entrevistas com outros líderes e inovadores. Então, sim, eu vi esses princípios funcionarem bem e vi a falta deles sufocar a inovação.

iG: Qual o papel dos chefes na inserção da inovação dentro da empresa?
Judy: É papel dos executivos de alto escalão dar o tom – ajudar a criar uma cultura que dê suporte para os valores fundamentais da inovação. São eles também que precisam se certificar de que os recursos para essa inovação estão sendo investidos sabiamente, de que haja equilíbrio entre as necessidades atuais e de que as sementes para o futuro estão sendo plantadas. Os líderes precisam dar uma visão e apoio inovadores, eliminando os obstáculos à inovação.

iG: E o papel dos funcionários? Qual é a melhor maneira de apresentar uma ideia inovadora a um chefe conservador?
Judy: É papel dos funcionários serem inovadores e empreendedores, mesmo em grandes empresas – acordar todo dia e se perguntar como eles podem fazer algo melhor. Se o patrão ou o ambiente da empresa é muito conservador, então os empregados precisam ter certeza de que suas ideias estão bem desenvolvidas antes de apresentá-las com os dados para apoiá-las, bem como ter um plano de como aplicar suas ideias de uma maneira que não custe um monte de dinheiro ou tempo.

iG: Qual o maior inimigo da inovação dentro de uma empresa?
Judy: O maior inimigo da inovação é uma falta de vontade para questionar o status quo – sobretudo em empresas de sucesso.

iG: Qual a melhor maneira de lidar com os fracassos?
Judy: Isso depende muito do tipo de empresa, mas em todos os casos, se você quiser ter um ambiente inovador, você precisa de um plano para lidar com um nível de falhas. Deixe as pessoas saberem que a falha não deve ser escondida, mas que é melhor falhar cedo, aprender com os erros e então tentar de alguma outra forma.

iG: O que uma pequena empresa pode fazer se não houver dinheiro para ser dedicado exclusivamente à inovação?
Judy: As pequenas empresas que querem continuar a ser inovadoras precisam incorporá-la em sua maneira de fazer negócios, fazendo com que cada funcionário tenha chance de dar um passo para trás e pensar em como fazer as coisas de forma diferente – melhor.

iG: Você poderia dar exemplos de empresas que conseguiram usar a inovação para causar mudanças produtivas?
Judy: No meu livro, eu entrevisto líderes de muitas empresas que usaram e continuam a usar a inovação para gerar mudanças de seus produtos, incluindo Disney/Pixar, FedEx, Google, Apple, Intuitive Surgical e muitos outros.

iG São Paulo/U.Seg

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Parmenas Alt
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