Cinquenta por cento dos atos infracionais praticados por adolescentes em Várzea Grande ocorrem no período noturno. Os dados estatísticos são do Juizado da Infância e Juventude e serviram de base para a elaboração do
“Projeto Várzea Grande trabalhando pela Paz”, foi apresentado em audiência pública no auditório do Fórum de Várzea Grande.
Elaborado pelo Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM), o projeto tem objetivo de trabalhar de forma preventiva os índices de criminalidade com a conscientização da população e dos donos de estabelecimentos para consumo
imediato de bebidas alcoólicas sobre a necessidade de encerramento das atividades após às 23 horas.
“Precisamos atentar para o fato de que não é apenas no universo infanto juvenil que o índice de criminalidade é alto no período das 23h às 6h da manhã, mas de uma maneira geral o consumo de álcool está ligado aos problemas de violência entre casais, violência sexual, roubos, assaltos até mesmo aos proprietários de bares, e todo tipo de violência que acaba em óbito. Podemos afirmar que os óbitos correm em sua maioria nesse horário”, afirmou o Delegado Regional de Várzea Grande, Pedro Frederico Antunes.
Segundo o coordenador do GGIM e secretário-comandante da Guarda Municipal, Rodrigo Alonso, o projeto será executado em etapas em uma região piloto domunicípio, a Região Leste que compreende todo o Cristo Rei. “Durante todo o
mês de dezembro faremos até duas reuniões mensais com a comunidade e donos de bares para orientar e conscientizar. Já em janeiro faremos uma fiscalização orientativa aos estabelecimentos contando com a adesão
voluntária desses proprietários. De fevereiro a março a fiscalização será normal e , queremos apresentar os resultados dessa experiência ao final de Março à toda sociedade”, explicou Alonso.
Os integrantes do GGIM também se baseiam em experiências positivas de projetos similares desenvolvidas em outras cidades do país, a exemplo de Barueri o estado de são Paulo que constatou que 20% dos crimes de morte aconteciam em bares ou próximos a eles, atingindo 40% nos finais de semana.
Após 12 meses de vigência da chamada Lei Seca foi constatada uma redução de 14% dos homicídios e de 56% das notificações de tentativa de homicídio.
Apesar dos números apresentados pelas entidades que trabalham com segurança no município o presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes, Luiz Virdun, acredita que a medida de fechar os estabelecimentos mais cedo não
influenciará na redução da criminalidade e sim no aumento da informalidade.
“Não estamos protegendo marginais só defendemos que essa medida vai inviabilizar que pequenos comerciantes da periferia prosperem”, declarou.
O comerciante Jesus Zanoli, proprietário de um bar e lanchonete há 11 anos no Cristo Rei concorda que é preciso inibir o crime nas ruas da cidade mas teme que essa medida diminua seus rendimentos. “Tenho quatro funcionários e
só fecho o estabelecimento das 2h da madrugada às 6h da manhã, no restante permaneço aberto, se reduzir esse horário não sei como será”, diz Zanoli.
Para o delegado da Polícia Civil esse argumento não convencerá pois a circulação de pessoas durante à noite e madrugada não é grande e a maioria dos crimes ocorrem próximo á bares e por pessoas alcoolizadas. “Além do mais, muitos bares servem apenas como fachada e acabam escondendo a venda de drogas”, alerta Pedro Antunes.
Integram o GGIM a Polícia Judiciária Civil, Polícia Militar, Promotoria de Justiça, Procuradoria do Município, OAB subseção de Várzea Grande, Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal, Guarda Municipal de Várzea Grande, POLITEC, Sistema Prisional, Poder Judiciário, Secretarias Municipais de
Saúde e de Promoção e Assistência Social, Univab e Conseg.