“Voltamos à questão da prova negativa. É muito difícil você querer provar que um país não fez determinada coisa. Para dizer a verdade, é impossível”, disse o ministro, logo após uma reunião com o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, em Brasília.
Amorim voltou a comparar a situação iraniana à do Iraque, que “não provou” ter armas químicas e armas nucleares e que por isso teria sido invadido.
“Mesmo quando a Agência Internacional de Agência Atômica (AIEA) já tinha dito que o Iraque não tinha essas armas, continuava-se dizendo que ele não tinha provado que não tinha um programa nuclear”, disse o ministro.
“O resultado foi que, para provar, fizeram uma guerra em que morreram mais de 300 mil pessoas. E aí chegaram a conclusão de que não tinha arma nenhuma”, acrescentou o chanceler.
Proposta
Tanto Amorim quanto o chanceler turco voltaram a criticar a imposição de sanções comerciais contra o Irã, medida que vem sendo defendida pelos Estados Unidos.
Davutoglu disse ainda acreditar em uma solução “diplomática” com Teerã. Segundo ele, se as penalidades comerciais forem aprovadas, a economia turca acabará também sendo prejudicada.
“Somos vizinhos ao Irã, nossas economias estão muito ligadas. Também seremos afetados pelas sanções”, disse o chanceler turco.
Brasil e Turquia ocupam um assento temporário no Conselho de Segurança da ONU, instância em que as sanções deverão ser discutidas e votadas. Por não serem membros permanentes do grupo, nenhum dos dois países tem poder de veto à decisão final.
Amorim disse que Brasil e Turquia vêm discutindo uma “fórmula” que seja aceitável para os dois lados na negociação, mas segundo ele os dois países não pretendem apresentar uma nova proposta de acordo.
“Não queremos inventar nada. Existe uma proposta sobre a mesa que chegou muito perto de ser aceita”, disse o ministro. “O que estamos procurando é se existe algum ajuste que possa ser feito nessa mesma proposta”, acrescentou.
O chanceler brasileiro disse ainda que Brasil e Turquia são países com “boa interlocução” e “de excelente relação” tanto com países ocidentais como com o Irã. “Acho que temos possibilidade de sermos ouvidos mais do que outros. Podemos ser ouvidos sem despertar animosidades”, disse Amorim.
Moeda
Amorim também fez um resumo dos principais temas discutidos ontem durante a 2ª cúpula dos BRICs, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China.
Segundo ele, a discussão sobre uma moeda que substitua o dólar no sistema financeiro internacional não esteve na pauta dos chefes de Estado.
“Não se trata, nesse momento, de discutir uma nova moeda”, disse o ministro, com o argumento de que essas discussões podem gerar “especulações”.
Segundo ele, os BRICs estão mais avançados no debate sobre o uso de moedas locais em transações comerciais dentro do grupo, mas ainda assim, ainda em nível técnico.
BBC-Bras/U.Seg