O maior fórum para debater ações de conservação do bioma Pantaneiro acontece nos dias 16, 17 e 18 de agosto em Campo Grande-MS.
O evento vai integrar pantaneiros e representantes do Brasil e do mundo, dos setores público, privado e terceiro setor, para fortalecer a cooperação em prol do uso sustentável da região
O Pantanal brasileiro será palco do maior fórum sobre a conservação e o uso sustentável do bioma. O Pontes Pantaneiras: Conectando pessoas, cultura, biodiversidade e sustentabilidade ocorrerá nos dias 16, 17 e 18 de agosto, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Serão envolvidos pecuaristas, líderes comunitários, comunidades tradicionais, povos indígenas, além de pesquisadores, acadêmicos, investidores, produtores culturais, agentes de turismo; de organizações não-governamentais aos setores público e privado, e também a imprensa, para discutir e celebrar possibilidades para um futuro sustentável do Pantanal.
O evento é gratuito, sem fins lucrativos e segue com inscrições abertas para o público. Durante os três dias de fórum, cerca de 15 mesas redondas e painéis vão reunir mais de 100 painelistas para debater casos de sucesso de conservação e refletir sobre mudanças positivas que valorizam o povo, a cultura e o capital natural. O público terá a oportunidade de aprender sobre os desafios para o desenvolvimento de estratégias voltadas para oferecer alternativas de renda, conservar a biodiversidade e promover a pecuária sustentável, entre outras temáticas.
Uma das maiores metas do encontro é aumentar a visibilidade do Pantanal brasileiro em âmbito nacional e internacional. Outro foco é incentivar alianças entre fazendeiros, comunidades tradicionais e povos indígenas para troca de experiências, projetos inovadores e iniciativas para a sustentabilidade, bem como atrair investidores para contribuir com o desenvolvimento sustentável do bioma.
Assim, o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, a Embrapa Pantanal, a University College London, o Smithsonian Institution e o ICMBio/CENAP, com o apoio da Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil, propõem abrir espaços de conversas sobre o modelo de uso sustentável para o Pantanal.
“O Brasil pode liderar uma agenda de mudança global com a autoridade de quem protege sua megabiodiversidade e o Pantanal consegue estabelecer uma convivência de sucesso entre os pantaneiros e a biodiversidade. Queremos que o bioma seja protagonista neste que promete ser o ano que marcará o retorno dos esforços da comunidade internacional à conservação ambiental do Brasil”, conta Cristina Tófoli do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, uma das instituições organizadoras do fórum.
Para isso, duas das principais frentes a serem desenvolvidas para fomentar o desenvolvimento econômico da região, e abordadas no evento como soluções, são a pecuária sustentável e o turismo ecológico. Uma análise da Embrapa feita em 2022 constatou que ativos tecnológicos e sistemas de produção para agricultura sustentável adotados no Brasil estão ganhando destaque e despertando o interesse de organismos científicos e multilaterais internacionais. Além disso, o ecoturismo foi o principal motivo para uma em cada quatro viagens domésticas realizadas a lazer no Brasil em 2021.
O dado do Boletim do Turismo Doméstico Brasileiro, desenvolvido pelo Ministério do Turismo e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), demonstra o quanto a atividade tem se tornado potente no Brasil. O segmento já entrou para a lista de motivos que ampliaram as viagens pelo país, com um acréscimo de 5% em relação ao ano anterior (2020).
O Pantanal tem importância global pelas suas ricas fauna e flora, o que inclui populações de espécies ameaçadas e emblemáticas para o Brasil, como onças-pintadas, ariranhas, antas, cervos-do-pantanal e araras-azuis. Além de sua biodiversidade incomparável, o Pantanal é um exemplo único de integração e sustentabilidade, combinando uma rica cultura tradicional e uma economia com base principalmente na pecuária e no ecoturismo. Em sua planície alagada, cerca de 80% da vegetação nativa permanece bem conservada. E mais de 65% da cobertura vegetal do Cerrado nos planaltos do entorno foram convertidos em pastagens cultivadas e terras agrícolas, de acordo com um artigo publicado em 2016.
“Qualquer iniciativa de desenvolvimento regional deve focar na melhoria da qualidade de vida dos pantaneiros e na valorização da sua cultura, do seu capital natural e dos produtos da região pantaneira, com foco na sustentabilidade e na conservação deste Patrimônio Nacional. Cabe à ciência gerar conhecimentos para dar suporte a este processo, orientando a tomada de decisões, e cabe ao poder público elaborar políticas baseadas nestes conhecimentos para respaldar a busca pela sustentabilidade. Pontes Pantaneiras vem com o propósito de estabelecer essas pontes em benefício do bioma e sua gente“, relata Walfrido Tomas, pesquisador na Embrapa Pantanal.
“Embora não possamos ignorar as ameaças, a mudança real não virá de uma mentalidade derrotista, mas requer a energia positiva gerada pelo foco em soluções de inovação e avanços tecnológicos e sociais. O Pontes Pantaneiras visa informar, inspirar, fascinar, encantar e, o mais importante, deixar as pessoas com esperança no Pantanal e com ideias de como se envolver na sua conservação, cultura e natureza. O fórum quer criar uma plataforma para conectar os muitos indivíduos e organizações que já estão trabalhando com sucesso em garantir um futuro para o bioma, com uma aliança e rede eficazes”, pontua Peter Leimgruber, Chefe do Centro de Ecologia da Conservação do Smithsonian Institution.
“A proteção do meio ambiente é uma prioridade para o governo dos Estados Unidos e faremos tudo que pudermos para apoiar o Brasil em suas metas para redução de emissão de carbono e de desmatamento. O Pantanal tem um papel muito importante nisso, uma vez que todos os biomas brasileiros estão interligados. Queremos trabalhar junto com setor público, privado e a sociedade civil para aumentar a visibilidade do Pantanal no Brasil e no mundo e contribuir para seu desenvolvimento sustentável”, disse o cônsul-geral dos EUA em São Paulo, David Hodge.
“Este será um espaço aberto à troca de saberes, ideias e opiniões que deve estar em sinergia com as habilidades de pesquisa e comunicação de todos os participantes” aponta Ronaldo Morato, diretor no ICMBio/CENAP.
“O fórum traz uma perspectiva que poucas vezes já foi vista no Pantanal: olhar o copo meio cheio. O evento será um momento de celebrar o Pantanal; celebrar as pessoas, a cultura; celebrar essa região que ainda consegue alinhar de maneira quase única o desenvolvimento local e a proteção da biodiversidade”, avalia Rafael Chiaravalloti, professor de Antropologia Ambiental na University College London (UCL) e pesquisador associado IPÊ.
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