Pelo menos três pessoas morreram e outras 45 foram feridas depois que um motorista palestino jogou uma escavadeira contra um ônibus e vários carros em Jerusalém nesta quarta-feira, 2. O condutor da escavadeira foi morto por um soldado israelense.
O episódio deixou um rastro de destruição no coração de Jerusalém. O trânsito na região parou depois que centenas de pessoas em pânico começaram a correr pelas ruas enquanto médicos tentavam socorrer os feridos. Vários carros foram destruídos pela escavadeira. Um ônibus atingido tombou e um segundo coletivo ficou bastante danificado.
O episódio aconteceu em frente às sucursais da Associated Press e de outras empresas de mídia. Uma câmera de televisão flagrou o momento no qual a enorme escavadeira atingia um veículo e mostrou um soldado que estava de folga e passava pelo local dando diversos tiros à queima-roupa na cabeça do suspeito enquanto pessoas assustadas gritavam. O ataque ocorreu em uma área de Jerusalém onde está sendo construído um novo sistema ferroviário. O projeto transformou diversas partes da cidade em um imenso canteiro de obras.
De acordo com a televisão israelense, uma mulher morreu atropelada e o ônibus tombou ao receber o impacto da máquina. O agressor, que segundo diferentes veículos de comunicação locais é um palestino residente em Jerusalém Oriental, pretendia chegar a um mercado da cidade santa. Segundo a BBC, a polícia israelense disse que o homem de 30 anos aparentemente não era afiliado a nenhum grupo militante. O escritório do primeiro-ministro israelense Ehud Olmert descreveu o incidente como um ataque terrorista e “um ato de violência assassina e sem sentido”.
A ação foi reivindicada em conjunto pelas Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa (grupo armado ligado à facção laica Fatah), pelo Batalhão Liberdade da Galiléia (suspeito de vínculos com o grupo libanês Hezbollah) e pela Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP, de esquerda), mas a polícia israelense qualificou o autor do ataque como “um terrorista agindo por conta própria”. “Este ataque é a resposta às constantes agressões contra nosso povo palestino, especialmente os assassinatos sionistas que continuam na Cisjordânia, e também contra o Hamas, que persegue nossos membros e líderes na Faixa de Gaza”, afirma a nota que identifica os responsáveis pelo ataque.
Um porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, não quis elogiar o atentado até confirmar se tem motivações políticas, mas disse que, em caso positivo, “seria o resultado natural da contínua agressão israelense contra nosso povo na Cisjordânia e na Faixa de Gaza”.
Jerusalém não costuma ser alvo de ataques de militantes palestinos, e o último ataque suicida de um homem-bomba na cidade ocorreu em 2004. Em março deste ano, um homem matou oito estudantes em um seminário antes de ser morto.