Todos os participantes do encontro estiveram de acordo sobre a necessidade de a instituição mudar sua estrutura de poder, que não sofre modificações significativas desde sua fundação, em 1944.
O problema é como fazê-lo. A maioria dos oradores, que falam em nome dos 184 países-membros do Fundo, mostrou-se favorável a um aumento imediato do voto do México, Coréia do Sul, China e Turquia.
Além disso, a proposta de reforma inclui a revisão da fórmula que divide o poder entre os membros para que o Produto Interno Bruto (PIB) seja levado mais em conta, ao lado de outros fatores como a abertura da economia.
As divergências giram em torno desses dois aspectos da proposta. Os países europeus pequenos, como Bélgica, Holanda e Suíça enfatizaram a importância da “abertura”, pois seu comércio exterior é muito elevado em relação a seu PIB.
O grande valor desse fator na atual fórmula explica por que esses países estão sub-representados em relação a seu peso econômico no mundo.
Neste sentido, Gerrit Zalm, ministro das Finanças da Holanda, afirmou que “qualquer nova fórmula deveria, pelo menos, captar adequadamente o tamanho dos países, assim como sua abertura, em termos econômicos e financeiros”.
O ministro das Finanças da Suíça, Hans-Rudolf Merz, afirmou que “a discussão sobre a fórmula deveria dar uma consideração renovada à abertura financeira e, mais concretamente, à inclusão da posição do investimento internacional dos países-membros”.
Já Brasil e Argentina se mostraram contrários ao projeto de reforma.
“Não podemos esconder nossa decepção com os termos finais da resolução”, afirmou o ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, assinalando que a menção ao fator de abertura “envia uma mensagem bastante preocupante para os países desenvolvidos como grupo”.
A ministra da Economia e Produção da Argentina, Felisa Miceli, afirmou que a reforma “deveria resultar em um aumento do poder de votação do mundo em desenvolvimento como um grupo (…) e a presente proposta vai na direção contrária”.
A Argentina quer que o PIB seja calculado com base no poder de paridade de compra, que elimina as distorções causadas pelas diferenças de preços, e que o comércio entre os países da zona do euro não seja contabilizado como comércio exterior por ser feito com a mesma moeda.
O secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, manifestou-se a favor da resolução durante a reunião, afirmando que o PIB – medido com base na taxa de câmbio e não pela paridade de poder de compra – deveria ser “a variável dominante” na nova fórmula.
Atualmente os EUA, cuja economia representa quase 30% do PIB mundial, contam com pouco mais de 17% dos votos no FMI, percentual que confere poder de veto sobre decisões que requerem 85% de apoio.
Depois de renunciar à oferta de qualquer aumento nos seus votos, os EUA instaram outros países desenvolvidos a fazer o mesmo. No entanto, apenas a Alemanha disse que também vai abdicar do aumento do seu número de votos, disseram à Efe fontes governamentais.
Os 184 membros do FMI têm até amanhã para votar sobre a resolução, cuja aprovação necessita de 85% dos votos. No entanto, Miceli já adiantou que os países que se opõem não contam com o apoio suficiente para deter a proposta.
Índia e Egito anunciaram que votarão contra, assim como a maioria da América Latina, com exceção do México e de outros países da América Central, e possivelmente do Chile, segundo fontes governamentais.