Uma das responsáveis pela falta de vagas nos leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) no Hospital e Pronto-socorro Municipal de Cuiabá (HPSMC) é a grande demanda de pacientes que vêm de outros Estados – como Rondônia e Acre – e também daqueles municípios do interior de Mato Grosso. Hoje, cerca de 90% das vagas são ocupadas por esses pacientes. De acordo com o superintendente do HPSMC, o médico Fernando Luiz de Carvalho, o pronto-socorro é referência em Mato Grosso e outros Estados não ofertam profissionais especializados.
Por isso, muitos deles acabam vindo desses locais para se tratar na rede de Saúde em Cuiabá. Na avaliação do superintendente, se por um lado isso demonstra a qualidade da saúde pública no município, por outro, o atendimento local às vezes fica prejudicado por causa da demanda externa. “O Pronto-socorro tem estrutura para atender Cuiabá e mais 12 municípios da baixada cuiabana. Com essa demanda toda, de pacientes de outros Estados, o atendimento às vezes fica prejudicado”, explicou ele.
Uma das alternativas para melhorar a estrutura do hospital, já que não é possível negar o atendimento aos pacientes de outros Estados e municípios, será o QualiSUS, do Ministério da Saúde. O projeto vai destinar R$ 8 milhões para serem investidos na saúde em Cuiabá, em 2006. Para ampliar esse valor, a Prefeitura de Cuiabá entrará com uma contrapartida de R$ 800 mil. Desse total de recursos, R$ 4,2 milhões serão investidos na reforma e recuperação das unidades de saúde enquanto que R$ 594 mil, na ampliação dessas unidades.
Para compra de equipamentos e materiais permanentes serão destinados R$ 3,9 milhões. O Pronto-socorro atende atualmente uma média de 18 mil pessoas por mês. Desse total, quase 12% são pacientes de outros Estados e municípios do interior. Essa sobrecarga poderá ser absorvida pelas policlínicas com a aquisição dos novos equipamentos e, conseqüentemente, com a implantação dos serviços de urgência e emergência. Esses pacientes chegam em Cuiabá por meio de encaminhamentos médicos e realizam todos os procedimentos necessários como exames e cirurgias de média e alta complexidade, o que onera o município.
ATENDIMENTO – Mesmo assim, segundo o superintendente, ninguém deixa de ser atendido. “Aqui, temos atendimento 24 horas e uma das causas na demora em alguns procedimentos é a quantidade de pessoas que precisamos atender. Ninguém vai deixar de ser atendido, mas devido à sobrecarga de serviços atendemos numa ordem de prioridades. Por isso, é necessário contar com a paciência dos pacientes”, disse o médico Fernando Luiz.
MELHORIA – O HPSMC passou por várias mudanças no ano de 2005 com o propósito de melhorar a qualidade do atendimento, buscando a satisfação do usuário do SUS e o estímulo aos profissionais daquela unidade de saúde. Primeiro foi a implantação da pré-consulta que é uma espécie de triagem no pronto-socorro, onde são detectados os casos de urgência e emergência. O hospital ainda ganhou mais 10 leitos na UTI pediátrica, sendo cinco neopediátrica e cinco pediátrica, passando a ser referência do Estado.
Foram contratados quatro fonoaudiólogos e médicos oftalmologistas especialidades sem cobertura profissional no HPSMC. A fisioterapia também está melhor. Hoje, são 29 profissionais. Foi criada a UTI semi-intensiva que tem a finalidade de atender o paciente com risco eminente de morte. Foram contratados novos médicos especialistas na área de urologia (aparelho urinário), hematologia (sangue), pneumologia (pulmões) adulto e infantil e nefropediatria.
Novas cadeiras de suave encosto para acompanhante e para paciente que precisam tomar medicação foram instaladas. Além de serem reclináveis, elas são muito confortáveis e dão mais segurança aos pacientes. Uma UTI móvel também foi adquirida para fazer o atendimento 24 horas no hospital.