A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) renovou suas relações com a Rússia, com a proposta de união futura de seus sistemas antimísseis aos dos Estados Unidos, após dois anos de tensões alimentadas pelo conflito georgiano, a ampliação da Aliança e o contencioso iraniano.
No dia seguinte ao anúncio de Washington sobre o abandono do projeto de instalar um escudo antimísseis na Europa Central, que tanto irritava Moscou, o secretário geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen fez em Bruxelas três propostas concretas aos russos.
A primeira consiste em analisar imediatamente o reforço da cooperação Otan-Rússia em todos os âmbitos considerados de interesse comum.
Rasmussen citou a luta contra o terrorismo, a proliferação de armas em destruição em massa e a estabilização do Afeganistão.
Para restabelecer a confiança, Rasmussen deseja “revitalizar” o Conselho Otan-Rússia (órgão de consulta entre a Aliança e Moscou), para poder abordar estes temas sem precondições.
Ele também ofereceu nesta sexta-feira à Rússia a revisão conjunta dos novos desafios de segurança do século 21.
Rasmussen se mostrou favorável a examinar a proposta de uma nova arquitetura de segurança euroatlântica do presidente russo, Dmitri Medvedev, para tentar tranquilizar Moscou.
Neste sentido, propôs que Moscou, Washington e a Aliança conectem, quando chegar o momento, os sistemas de defesa antimísseis, uma oferta que retoma uma ideia abordada pela primeira vez durante uma Cúpula da Otan em Bucareste, em abril de 2008.
“Acredito que seja possível a Otan e a Rússia recomeçarem”, resumiu o secretário-geral.
O projeto abandonado por Washington, que previa instalar até 2013 um potente radar na República Tcheca associado a 10 interceptores de mísseis balísticos de longo alcance na Polônia, era destinado a dissuadir o Irã de utilizar algum dia seus foguetes contra os EUA.
Mas Moscou estimava que o projeto ameaçava cercar seu arsenal estratégico e sugeria, em contra-partida, a instalação de mísseis terra-terra em seu enclave de Kaliningrado.
A agência de notícias Interfax informou nesta sexta-feira que a Rússia renunciava a seus planos de Kaliningrado, enquanto o primeiro-ministro, Vladimir Putin, comemorou a decisão “justa e valente” dos EUA.
Em troca de seu gesto, Washington desejaria que a Rússia adotasse uma postura mais firme frente ao programa nuclear iraniano, segundo o jornal russo Kommersant.
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