Levantamento realizado pelo iG revela que o Orçamento Geral da União aprovado pelo Congresso, e que será sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevê investimentos de R$ 24 bilhões para obras nos 21 estados cujos governadores pertecem a partidos que apoiam o governo federal.
Essas unidades da federação têm 108 milhões de habitantes, segundo a última pesquisa do IBGE, em 2007. Já os seis Estados comandados por oposicionistas, com uma população total de 75 milhões de habitantes, ficarão com apenas R$ 10,9 bilhões. Isto significa que os 21 estados da base aliada receberão R$ 221 por cidadão para obras no ano eleitoral, enquanto os Estados governados por oposicionistas terão R$ 144 por habitante.
No entanto, o maior investimento previsto para construções será destinado a Minas Gerais, do tucano Aécio Neves: R$ 3,3 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhão apenas para rodovias e ferrovias. Aécio desistiu de concorrer à Presidência. Nas eleições para prefeito de Belo Horizonte, aliou-se ao PT e conseguiu eleger Marcio Lacerda, do PSB.
A proposta orçamentária contempla obras importantes, como a construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, na Bahia, cujo investimento previsto é de mais de R$ 1 bilhão. Para o estado do governador petista Jaques Wagner foram destinados R$ 2,8 bilhões – o segundo maior orçamento para obras do país. Wagner concorre à reeleição, podendo enfrentar outro governista, o ministro da Integração Naional, Geddel Vieira Lima (PMDB).
Rio de Janeiro, de Sergio Cabral (PMDB), e São Paulo, de José Serra (PSDB), têm o terceiro maior orçamento para obras, com R$ 2,4 bilhões cada. O Rio foi beneficiado, por exemplo, com recursos para a implantação da Linha 4 do Metrô, que ligará o Centro à Barra da Tijuca, orçada em R$ 63,2 milhões, e para as obras na BR-493, no Porto de Sepetiba, com investimento de R$ 114,5 milhões. A administração do paulista José Serra prevê aplicar os recursos, por exemplo, na construção do trecho sul do Rodoanel, orçada em R$ 255 milhões.
Mas a média de investimento destinado para obras por habitante em São Paulo ficou em aproximadamente R$ 60, bem abaixo da média nacional que é de R$ 190. No Rio, a média sobe para R$ 155 por cidadão.
O Orçamento de 2010 prevê ainda investimentos para obras de R$ 23,2 bilhões sem alocação específica, ou seja, que podem abranger mais de uma unidade da federação. O reforço de verbas no Orçamento está sendo festejado pelos aliados da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, candidata preferida do presidente Lula. Os governistas também comemoram o fato de ter aumentado em seis, por motivos diversos, o número de Estados governados por aliados do presidente Lula desde a última eleição, em 2006.
Quatro governadores que na última eleição apoiaram a candidatura do paulista Geraldo Alckmin (PSDB) migraram para a base aliada: Alcides Rodrigues Filho (PP-GO), André Puccinelli (PMDB-MS), Ivo Cassol (PP-RO) e Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC). E o tucano Cássio Cunha Lima, da Paraíba, assim como o pedetista não alinhado Jackson Lago, do Maranhão, foram cassados, dando lugar, respectivamente, aos governistas José Targino Maranhão (PMDB) e Roseana Sarney (PMDB).
As assessorias de Puccinelli e Luiz Henrique ressalvam que, embora os governadores se considerem da base de apoio ao governo federal, por pertencerem ao PMDB, só definirão o apoio a um candidato à presidência, quer ele tenha ou não o aval do presidente Lula, por volta do meio do ano.
U.Seg