O líder da oposição no Zimbábue, Morgan Tsvangirai, rejeitou as negociações para a formação de um governo de coalizão pedido pela União Africana durante a cúpula realizada no Egito. O opositor afirmou que não há condições adequadas para diálogo com o presidente Robert Mugabe e pediu para que o grupo aponte outro mediador para crise política para unir-se ao o presidente da África do Sul, pois o sul-africano não conseguirá “progressos significativos” sozinho.
O encontro de líderes da União Africana (UA) em Sharm el-Sheik, no Egito, terminou com uma resolução pedindo para que o presidente do Zimbábue e a oposição formem um governo de unidade nacional para tentar resolver a crise política do país. A resolução pede ainda que os dois lados dialoguem para manter a estabilidade no país, mas não faz críticas diretas a Mugabe nem indica quem deveria ser o primeiro-ministro no governo de unidade nacional proposto.
A União Européia pediu para ao presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, que Tsvangirai lidere qualquer governo de coalizão que seja instalado no Zimbábue. Mbeki descartou intervir na crise política do Zimbábue, afirmando que somente os zimbabuanos podem resolver o impasse eleitoral.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, qualificou de “farsa” a realização do segundo turno nas eleições, e ressaltou que a única etapa válida do pleito foi a primeira, na qual triunfou a oposição. “Levando em conta que o segundo turno foi uma farsa, pelas mãos de um regime que está manchado de sangue, me sinto satisfeito com o fato de que a União Africana tenha pedido o fim da violência e o estabelecimento de um sistema de mediação, e falado sobre um governo de transição no Zimbábue”, assinalou.
Brown também respaldou o deslocamento de um enviado da ONU ao país africano, ao tempo que informou que pedirá a outros países que apóiem sanções contra o regime de Harare. “Vamos pressionar em favor de fortes medidas contra o Zimbábue no Conselho de Segurança. E o faremos também na cúpula do G8, no Japão”, disse Brown.
O líder da oposição, Morgan Tsvangirai, venceu o primeiro turno das eleições em março, e, relutantemente, havia concordado em disputar o segundo turno da última sexta-feira, mas resolveu sair da disputa na semana passada alegando intimidação por parte do governo. Seu partido, o MDC, afirma que quase 90 de seus simpatizantes foram assassinados durante a campanha eleitoral. Como candidato único, Mugabe foi declarado o vencedor do pleito e assumiu um novo mandato no último domingo, gerando uma onda de críticas internacionais questionando a lisura do processo eleitoral.