Na véspera da votação da segunda denúncia apresentada contra o presidente Michel Temer (PMDB) na Câmara dos Deputados, lideranças da base aliada do governo fazem contas para garantir uma vitória expressiva, enquanto a oposição ainda discute suas possibilidades.
Deputados favoráveis à continuidade do processo contra o presidente Michel Temer e contra os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) anunciaram nesta terça-feira (24) que não irão registrar presença na sessão dessa quarta-feira (25), quando está agendada a votação sobre a admissibilidade da denúncia oferecida pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot.
Lideranças de diversos partidos participaram de reunião na manhã desta terça-feira com representantes de movimentos sociais e, após o encontro, os parlamentares da oposição confirmaram que só entrarão no plenário da Câmara caso a base governista consiga, sozinha, atingir o quórum mínimo de 342 deputados para o início da votação.
Apenas alguns líderes registrarão presença para garantir o direito de discurso na tribuna do plenário. “A nossa estratégia é clara e tem que ser colocada em público. O governo não tem os 342 votos necessários e nós da oposição também não chegamos aos 342, essa é a verdade. Mas, podemos chegar", disse o líder do PDT, deputado Weverton Rocha (MA).
Os deputados acreditam que, ao adiar a votação, vão conseguir mais parlamentares contrários ao parecer do relator, deputado Bonifácio de Andrade (PSDB-MG), que pede a rejeição da denúncia da PGR.
"Acreditamos que, se amanhã a sessão cair, em mais uma semana ou dez dias nós conseguiremos criar o ambiente necessário, contaminar de forma positiva a nossa população. Por isso, nós conclamamos a todos a mapear nas redes sociais os deputados de seus estados e convocá-los para pensar”, defendeu o parlamentar.
A definição da estratégia visa evitar erro cometido no início de agosto, quando foi rejeitada a primeira denúncia contra o presidente Michel Temer . Na ocasião, os deputados da oposição não chegaram a um consenso sobre se deveriam ou não registrar presença no plenário. Alguns parlamentares acabaram confirmando presença e permitiram que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciasse o início da votação que acabou enterrando aquele processo.
Base aliada espera vitória maior
Se de um lado a oposição enfrenta dificuldades para encontrar meios de autorizar o prosseguimento da denúncia da PGR, a base de apoio do governo acredita que Temer deve obter nessa quarta-feira ainda mais votos do que na votação que barrou a primeira denúncia. Naquela ocasião 263 parlamentares rejeitaram o pedido de investigação contra o presidente, que era acusado de cometer crime de corrupção passiva.
O vice-líder do PMDB, deputado Carlos Marun (MS), afirmou que três fatores "dão a certeza" da vitória do governo: a "fragilidade da denúncia", as investigações envolvendo a delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, e a "recuperação da economia".
“O presidente Temer está fazendo bem ao Brasil, então esse conjunto faz com quem tenhamos a certeza da vitória e a confiança que faremos ainda mais votos", disse o parlamentar.
A denúncia
Temer, Padilha e Moreira Franco são acusados de atuar em organização criminosa junto a outros integrantes do chamado "quadrilhão do PMDB na Câmara". Também foram denunciados por esse crime os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o ex-assessor da Presidência Rodrigo Rocha Loures.
Nessa segunda denúncia contra Michel Temer, o presidente também é acusado de praticar crime de tentativa de obstrução à Justiça ao lado do empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F. A acusação se refere ao episódio de suposta tentativa de compra do silêncio do lobista Lúcio Funaro.
*Com informações e reportagem da Agência Câmara Notícias e da Agência Brasil
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