Em vias de sofrer uma ruptura democrática, a Bolívia deveria se submeter a uma mediação da Igreja e de representantes imparciais da comunidade internacional para recompor sua ordem institucional. A advertência foi apresentada hoje ao Congresso brasileiro por uma comissão liderada pelo presidente do Senado da Bolívia, Oscar Ortiz, do partido opositor Podemos.
Segundo Ortiz, trata-se da primeira etapa de um roteiro cujo objetivo será “sensibilizar” o Brasil, a Argentina, o Chile e a União Européia sobre os atropelos do governo de Evo Morales ao Legislativo e ao Judiciário bolivianos e a incitação à violência civil.
No Itamaraty, ontem, os senadores bolivianos alertaram que o governo Morales promove a expulsão de empresas brasileiras do país por meio de iniciativas oficiais que inviabilizam seus negócios. A comitiva foi recebida pelo secretário-geral das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães. Segundo o senador Roger Pinto Molina, líder do Podemos no Senado, madeireiras brasileiras estão deixando a Bolívia por conta dessas pressões. Plantadores de soja brasileiros tornaram-se alvos das invasões de movimentos populares a suas propriedades e de uma recente medida do governo – a proibição das exportações de óleos vegetais.
“Estamos à beira de uma situação de fratura institucional. O governo Evo Morales foi eleito democraticamente, mas não respeita as regras democráticas”, defendeu Ortiz, que será recebido amanhã pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), e pelos membros da Comissão de Relações Exteriores da Casa. “Não temos mais a quem recorrer dentro do país. Esperamos que os países da América Latina exijam do governo Morales o respeito à ordem democrática e o fim do seu estímulo aos choques de civis contra civis”, completou.
U.Seg