A principal causa de perdas no processo de colheita, segundo especialistas, está diretamente relacionada à má regulagem e operação das colhedoras. Na maioria das vezes, estas perdas são causadas pelo pouco conhecimento do operador sobre regulagens e operação adequada do equipamento que precisa ser trabalhado de forma harmônica para render bons resultados. A “sincronia” entre o molinete, a barra de corte e as ajustagens do sistema de trilha e de limpeza é fundamental para a colheita eficiente, bem como o conhecimento de que a perda tolerável é de no máximo uma saca de 60 quilos por hectare.
De acordo com Plínio Pacheco Pinheiro, especialista em mecanização e professor da Escola Agrotécnica de Carazinho, RS, o Brasil chegou a perder na safra 2005/2006 cerca de 2 sacas por hectare durante a colheita e o Mato Grosso ocupou o segundo lugar no ranking do desperdício, com aproximadamente 1,9% de índice de perdas. O menor índice atualmente é do Estado do Paraná, com 0,8% de perdas.
O fator preponderante deste desperdício, segundo o especialista, está relacionado ao processo mecânico da colheita. Ele aponta as más condições de operacionalidade e manutenção das máquinas, bem como a falta de capacitação e reciclagem dos operadores como essenciais para o aumento dos índices de perda. “Sempre se achava que o fator principal das perdas estava ligado às condições da cultura e da área, quando, na verdade, as condições da máquina e a capacidade do operador é que fazem a diferença”, afirma Pinheiro, lembrando que uma boa regulagem e um operador qualificado fazem a diferença na hora da colheita. “Um operador bom é pouco, ele precisa ser ótimo, excelente”.
Para o especialista, o fato de a colheita de soja ser totalmente mecanizada com tecnologia de ponta não é garantia de um desempenho perfeito. “Não podemos correr o risco de achar que uma máquina nova está com tudo resolvido”, pondera, alertando para as perdas consideráveis que ocorrem em grandes lavouras de Mato Grosso, onde são utilizadas máquinas de maior capacidade e tecnologia avançada.
A pressa durante a colheita, a falta de informação técnica ou mesmo a confiança de que a máquina pode ser trabalhada por qualquer pessoa, sem que ela esteja devidamente preparada, segundo Pinheiro, pode gerar prejuízos comprometedores ao agronegocio do município, bem como a todo o país.
DC