A 66ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada na sexta-feira (27), apura lavagem de dinheiro praticada por doleiros e funcionários do Banco do Brasil, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF).
A operação denominada ALERTA MÍNIMO foi deflagarada em cooperação com o Ministério Público Federal e Receita Federal.
Estão sendo cumpridos 7 mandados de busca e apreensão na cidade de São Paulo/SP e 1 em Natal/RN. As medidas cautelares foram expedidas pela 13ª Vara Federal de Curitiba/PR.
O inquérito tem como foco principal a apuração de crimes de lavagem de dinheiro praticados por doleiros e funcionários do banco do Brasil, que teriam atuado em benefício de empresas que contratavam com a grande multinacional do ramo de combustíveis e necessitavam de dinheiro em espécie para o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos.
Durante a investigação foram obtidos documentos, trazidos por colaboradores, que indicaram que determinado doleiro teria sido responsável por disponibilizar pelo menos R$ 110 milhões, em espécie, para viabilizar o pagamento de propinas.
A obtenção do dinheiro em espécie, neste caso, envolvia trocas de cheques obtidos junto ao comércio da grande São Paulo e abertura de contas sem documentação necessária ou com falsificação de assinaturasem nome de empresas do ramo imobiliário.
A suspeita quanto à participação de gerentes de agências bancárias consistia em dar suporte às operações de desconto de cheques e elaborar justificativas internas a fim de evitar fiscalizações e ações de compliance da instituição financeira. Em troca, os funcionários recebiam comissões dos operadores e conseguiam vender produtos da agência para atingir metas.
O nome da operação faz referência ao fato de que os alertas de operações atípicas do sistema interno do banco para comunicação ao COAF passaram a ser encerrados, mediante a apresentação de justificativas pelos gerentes de agência, como se não houvesse indícios de lavagem de dinheiro.
O MPF informou que o Banco do Brasil colaborou com a operação com provas colhidas a partir de uma investigação interna.
Segundo o MPF, esta etapa da Lava Jato investiga três gerentes e um ex-gerente do Banco do Brasil que atuaram para facilitar a realização de operações de lavagem de dinheiro entre os anos de 2011 e 2014. As movimentações superaram R$ 200 milhões.
Os gerentes são vinculados a três agências do Banco do Brasil em São Paulo.
Nome da operação
A operação foi batizada de “Alerta Mínimo”. Este nome faz referência aos alertas de operações atípicas do sistema interno do banco para o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) – que hoje se chama Unidade de Inteligência Financeira (UIF) – serem encerrados por meio de argumentos apresentados por gerentes de agência, sem apontar indícios de lavagem de dinheiro.