“O Dia Internacional do Refugiado deveria ser também um dia no qual damos nossa palavra às crianças refugiadas da Palestina de que faremos o possível para manter a esperança viva”, disse.
Koning Abuzayd ressaltou a dignidade e a autonomia como dois objetivos que a UNRWA tenta proporcionar aos refugiados.
A agência foi criada em 1949 e atualmente oferece serviços a 4,3 milhões de refugiados em Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Líbano e Síria.
O retorno e a compensação dos refugiados palestinos que saíram ou foram expulsos durante a guerra de 1948 são algumas das soluções para o conflito palestino-israelense.
Enquanto isso, habitantes do campo de refugiados de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, demonstraram hoje à Efe pessimismo em relação a seu futuro.
Um médico que trabalha para a missão norueguesa da UNRWA em Rafah, que não quis revelar seu nome, comentou que “a situação financeira na Autoridade Nacional Palestina (ANP) também atinge os refugiados que recebem ajuda da UNRWA”.
“O número de visitas a este centro aumentou, há quatro meses, entre 20% e 30%”, disse o médico pediatra, que explicou que isso acontece porque muitos refugiados funcionários do Governo, e que estão sem receber seus salários pela crise financeira, já não vão a clínicas privadas ou hospitais estatais, como faziam antes.
Outra situação “moralmente muito difícil para o médico” é a de doentes palestinos que não têm status de refugiados, mas que não encontram os remédios nos centros públicos, recorrerem à UNRWA: “não podemos atendê-los”, afirmou o pediatra.
Ao contrário do que ocorre nos hospitais da ANP – que dependem de fundos estatais -, a chegada de remédios não foi suspensa nos centros da UNRWA.
Em termos gerais o médico também não tem uma visão muito otimista da situação: “ninguém aqui aceita esta situação, mas a vida como refugiado se transformou em uma rotina porque acho que não haverá outra forma de vida para nós”.
A respeito dos planos, ainda defendidos pelas autoridades palestinas, de exigir o retorno dos refugiados que tiveram de abandonar sua terra, o médico sentencia: “acho que nunca voltaremos, nenhum de nós, ninguém permitirá. Nosso futuro é muito negro, pode-se dizer que não há futuro”.
Naji Abu Taha, funcionário administrativo de um hospital de Gaza e também refugiado de Rafah, compartilha esta visão.
“Tenho seis filhos e espero para eles um futuro melhor, mas dentro de mim, sei que não será assim, que sua situação será mais dura que a minha porque cada vez há mais instabilidade”, comentou.
Este refugiado, cuja família teve que abandonar a cidade de Bersheva em 1948 antes que ele nascesse, ressalta que “ao problema externo, representado por Israel e apoiado pelos EUA e pela Europa, é acrescentado um problema interno”.
“Há um ano os soldados israelenses nos matavam, agora nos matamos uns a outros”, disse o refugiado em alusão ao conflito entre facções palestinas distintas que foi se agravando desde a chegada do movimento islâmico Hamas ao Governo, em 28 de março.
Mohammed A., um jovem policial do campo de refugiados, contesta: “como o senhor acredita que posso ver meu futuro, tenho 26 anos e só pude sair de Gaza uma vez em minha vida”.