A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) acusa o governo da Etiópia de impedir a continuidade de seu trabalho na região Ogaden, área fronteiriça entre o país e a Somália. O governo etíope nega que tenha imposto um veto à ONG.
Em agosto, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) informou sua retirada da região após receber uma ordem governamental.
A região concentra uma população nômade, muçulmana e de origem somali –por isso é também chamada de Região Somali. Atualmente forças de segurança do governo levam uma operação na área em busca de integrantes de um grupo rebelde chamado Frente Nacional de Libertação Ogaden (ONLF).
Conflitos sucessivos há mais de uma década fizeram com que a região não contasse mais com uma estrutura de atendimento de saúde, de acordo com Kostas Moschochoritis, que trabalha no escritório da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) na Bélgica.
Em entrevista por telefone à Folha Online, Moschochoritis disse que, desde julho, as autoridades negam o acesso à região e que duas cartas formais endereçadas ao presidente foram enviadas pela ONG.
Moschochoritis afirma que o governo disse que, após a ação militar, a entrada para a região será liberada aos médicos. No entanto, uma previsão para o término da ação não foi dada.
Na região, vivem cerca de 400 mil pessoas, segundo a MSF. Moschochoritis afirmou o número é difícil de calcular, pois a população está em constante movimento e há pouca presença de instituições confiáveis que possam verificar tal cifra.
“A população é vulnerável à violência, não tem atendimento médico, não tem remédios e há problemas como a cólera e as doenças infantis infecciosas”, disse Moschochoritis.
Dentre as principais dificuldades enfrentadas pelos residentes na área estão infecções respiratórias, diarréia, má nutrição e tuberculose, segundo informações divulgadas por membros da MSF no Quênia durante uma entrevista coletiva.
“Outro problema é a comida, porque há uma tendência na região a desenvolver urgências alimentares”, disse Moschochoritis. A região é árida e a principal ocupação dos habitantes é o cultivo da terra.
FOnl